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Fundo que controla Global Media trava salários até decisão da ERC e do tribunal

Carla Borges Ferreira,

O fundo que controla a Global Media não vai avançar com a transferência para pagar os salários de dezembro até decisão da ERC e conclusão do processo de arresto.

A comissão executiva da Global Media está a informar os trabalhadores que o World Opportunity Fund (WOF) não vai transferir dinheiro para o pagamento dos ordenados de dezembro, ainda em atraso.

No documento, ao qual o +M teve acesso, José Paulo Fafe escreve que o fundo que controla o grupo lhe transmitiu esta quinta-feira “a sua indisponibilidade em efetuar qualquer transferência, sem que o Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) conclua o processo administrativo autónomo para a aplicação do artº 14 da Lei da Transparência, e que pode eventualmente resultar na inibição do exercício dos direitos de voto por parte do WOF”.

O fundo também terá transmitido, acrescenta, “a sua indisponibilidade em efetuar qualquer transferência até que o alegado procedimento cautelar de arresto anunciado publicamente pelo empresário Marco Galinha seja retirado“.

No início do mês, avançou o Expresso na semana passada, Marco Galinha terá avançado com uma providência cautelar para garantir os seus direitos na Global Media, da qual tem 17,59% do capital, por via indireta. De acordo com o título da Impresa, “trata-se de um procedimento cautelar de arresto que, sendo aprovado, poderá suspender a administração do grupo”. Ou seja, afastaria a comissão executiva liderado por José Paulo Fafe.

Também no dia 8, o Conselho Regulador da ERC, em reunião extraordinária, aprovou a abertura de um processo administrativo autónomo para a aplicação da Lei da Transparência e abertura de um procedimento oficioso de averiguações sobre determinadas matérias.

Em comunicado, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) refere que a reunião extraordinária, com ponto único a análise da situação da Global Media Group (GMG), deliberou “a abertura de processo administrativo autónomo para a aplicação do artigo 14.º da Lei da Transparência, dado que existem fundadas dúvidas sobre se, entre os detentores do World Opportunity Fund (WOF), existem participações qualificadas nos termos da Lei da Transparência (representando 5% ou mais do capital social e/ ou dos direitos de voto do Grupo Global Media)”.

Deliberou também a “abertura de um procedimento oficioso de averiguações com vista a esclarecer” determinadas matérias, entre as quais “verificar da existência de uma alteração de domínio dos operadores de rádio não autorizada pela ERC com a entrada do acionista WOF na estrutura de propriedade do Grupo Global Media”.

No dia 9, ouvido na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República, José Paulo Fafe afirmou ter tido a “promessa” de uma transferência para pagar os salários. “Ontem [segunda-feira] tive uma reunião com fundo e tive promessa de até início da semana de uma transferência que pague os salários que estão em atraso”. Mas, “também tive a promessa do fundo de analisar a hipótese de fazer um pacote de ajuda extraordinária à Global Media”, acrescentou, referindo que o fundo contava investir na reestruturação mas não em ordenados.

Já esta terça-feira, o Sindicato de Jornalistas alertava que “quase uma semana depois de José Paulo Fafe, presidente da CE, ter dito, na Assembleia da República [AR] que ia tentar pagar os salários em atraso até segunda ou terça-feira, os trabalhadores da Global Notícias, empresa do Global Media Group que engloba o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, várias revistas e o desportivo O Jogo, continuam sem receber o salário de dezembro, a que acresce a falta do subsídio de Natal, em mora desde 07 de dezembro e sem qualquer explicação também”.

Entretanto, foram já oficializadas duas propostas de intenção de compra do grupo. Um grupo de empresários liderado por Diogo Freitas, da Officetotal Food Brands, de Ponte de Lima, apresentou na sexta-feira uma proposta para a compra do Jornal de Notícias, O Jogo, Revistas JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta ao Mundo e Ricardo da Silva Oliveira, em nome da Nobias European Studios, reforçou esta quinta-feira em comunicado que pretende investir 10 milhões na Global Media.

Estas propostas estarão a ser encaminhadas para Marco Galinha, presidente do grupo. No comunicado interno enviado esta tarde, José Paulo Fafe acrescenta que “a Comissão Executiva, ou eu próprio, enquant representante do WOF, não tem qualquer conhecimento, a não ser através da Comunicação Social, de qualquer proposta de aquisição de ativos do GMG“.

Ao que o +M apurou, poderá haver interesse do fundo em ficar com o DN, TSF e Açoriano Oriental, vendendo os restantes títulos.

A proposta apresentada por Diogo Freitas, recorde-se, foi para a compra do Jornal de Notícias, O Jogo, Revistas JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta ao Mundo e dirigia-se a Marco Galinha, Kevin Ho e José Pedro Soeiro que, em conjunto, detêm 74,45% do Global Media Group. Ou seja, o objetivo seria ficar com as participações não detidas pelo World Opportunity Fund.

(artigo atualizado às 18h30)

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