10 notas
Estas notas não concentram todo o saber do mundo, antes apelam ao bom senso meridiano – algo que nem sempre é tão abundante como o sol que nos banha.
Agora que vem aí campanha, permito-me deixar umas notas breves e uns conselhos de amigo sobre a temporada. Estas notas não concentram todo o saber do mundo, antes apelam ao bom senso meridiano – algo que nem sempre é tão abundante como o sol que nos banha. Aqui ficam.
- O teleponto pode ser o melhor amigo do político: não tenhas medo dele, usa-o sem vergonha e sem pudor. Mau, mesmo, é não saber o que dizer e inventar.
- A política e a comunicação andam a par, ao contrário de outras disciplinas. Um bom comunicador pode ser um bom político (no sentido da aceitação que suscita), mas um bom economista, por exemplo, não é necessariamente um bom político ou um bom comunicador. Ou seja, a especialização académica numa determinada área será necessária, mas nunca é suficiente – e até pode não ser necessária, como já se viu com o Eng.º José Sócrates.
- A política contemporânea contém características que não devem ser menosprezadas. Não esquecer que o TikTok pode ser (ou é) mais relevante que Miguel Sousa Tavares; ou então que Ricardo Araújo Pereira pode ser mais certeiro e mortal que 20 notícias; ou que um elogio explícito, por exemplo, de Ana Gomes. Ou seja, devemos estar sempre atentos às métricas e às plataformas, e não devemos orientar a análise e a impressão pelo desejo – foi assim, aliás, que Rui Rio ia “ganhando” as últimas legislativas.
- Tempos houve em que a política era puro faro, intuição, risco, espada – ou veneno no anel. Hoje a política continua a ser tudo isso, mas é também “data”. Ganhar eleições pressupõe conhecimento e informação detalhada do mercado eleitoral. Quem mais e melhor informação tiver, melhor comunicação poderá fazer – desde que não se desvie do caminho.
- Nunca digas “nunca”. O valor da palavra em política é mais volátil que uma criptomoeda, mas há erros que devem ser evitados. Como já vimos no passado, só a morte é irrevogável.
- Nunca pagues (ou recebas) com dinheiro sujo. E o saco ou o envelope não é a melhor forma de acomodação de notas. Também nunca o guardes numa estante na casa do chefe.
- Nunca deixes de mostrar um caminho, mas evita promessas impossíveis, como 72 virgens no além, acrescidas de energia “para coabitar com elas desde o amanhecer”, como garante o Corão. As mentiras têm de parecer verdades.
- Nunca esqueças a A28 e a A13 quando prometeres o fim das portagens: as mentiras também têm de ser inclusivas.
- A comunicação política exige disciplina e estética: os eventos (apresentações, congressos, convenções) são para serem vistos em casa, não para quem está na sala – e mal sentado. Há salas e há salas – e são meio caminho para uma má, ou para uma boa, ação de comunicação: vide o estranho caso da Alfândega do Porto versão AD, ou a mesma Alfândega do Porto na versão André Villas Boas.
- Por fim, um conselho genérico: na vida, como na política, não cobiçarás a mulher do próximo, nem o deputado do vizinho. Pelo menos sem fazeres um bom screening.
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