O CEO está no limite?
Eu também sou apanhada pelo síndrome do impostor, esse canalha, que por vezes ronda por aqui, que me tem sido possível gerir, pela imposta racionalidade de não lhe poder dar qualquer espaço.
Tudo indica que sim. A pressão sobre os CEO é uma realidade inevitável do mundo dos negócios moderno e ainda se assiste a alguma negligência dos CEO em assumir a necessidade de desconectar para conectar.
Eu também sou apanhada pelo síndrome do impostor, esse canalha, que por vezes ronda por aqui, que me tem sido possível gerir, pela imposta racionalidade de não lhe poder dar qualquer espaço.
Na realidade ainda é difícil para um líder assumir uma fragilidade que contrasta com a imagem expectável que lhe atribuímos de ser a pessoa confiante, decisiva e imparável, que tem de conciliar com a pressão de atingir metas ambiciosas, lidar com crises inesperadas e tomar decisões difíceis.
Acredito que este cenário começa a mudar, fortemente impulsionado pela transformação que a GenZ está a provocar no mercado de trabalho, com a procura incessante de uma cultura organizacional que valoriza o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, que considera os recursos e apoio adequados para lidar com este contexto e que promova, sem medos, a conversa sobre bem-estar e saúde mental.
Para que este cenário se torne real no seio organizacional e não seja uma “história de encantar” usada para atrair e manter o talento jovem, há que liderar pelo exemplo, o que implica não sacrificar o bem-estar pessoal do líder em prol do sucesso corporativo. Como refere Amy Morin “o desejo de resolver tudo também pode provir de uma espécie de complexo de super-herói” e temos de reconhecer que os CEO são seres humanos, sujeitos às mesmas pressões e vulnerabilidades que qualquer outra pessoa, acrescidos de maiores responsabilidades relativamente às consequências dos resultados do negócio. It comes with the job.
O mundo mudou e os líderes também. Há uma aceitação de que não, não, têm a solução para tudo e não têm de saber tudo. Têm sim, que criar as condições para que as equipas, em colaboração, encontrem essas soluções. É preciso haver um equilíbrio saudável entre a ambição profissional e o bem-estar pessoal. É importante que os líderes se sintam confortáveis em falar sobre seus desafios e procurar apoio, se e quando necessário.
A pressão sobre os CEO é uma realidade inevitável do mundo dos negócios moderno. É importante que também aqui se lidere pelo exemplo e, essa pressão não pode pôr em causa a saúde mental dos líderes empresariais. Não devemos temer abrir a conversa e enfrentar este desafio para poder criar um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável para todos, que não seja, um “olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço”.
O autoconhecimento, a prática de hábitos saudáveis e a procura ativa de apoio são elementos essenciais para garantir que o líder permaneça equilibrado e centrado, mesmo diante das pressões e desafios do mundo empresarial. Enquanto admiramos a capacidade do líder de cuidar dos outros, devemos também reconhecer a importância imprescindível de cuidar de si. Só quando o líder está cuidado, pode cuidar da equipa com empatia, resiliência e clareza.
O autocuidado não é uma receita genérica que funciona para todos, tem de ser pensada à medida de cada um. A minha forma de manter o equilíbrio é correr diariamente às 6:10h da manhã! É um espaço só meu, um tempo só para mim e não tenho de falar com ninguém (porque não encontro mesmo ninguém!), o que muito aprecio àquela hora da manhã. Esta disciplina passou a ser o meu ansiolítico, com efeitos secundários francamente positivos. Faço isto há quatro anos, sem falhar um único dia (até que a saúde me permita continuar). Começou por estar no limite, por ser uma fuga (sair de casa na pandemia) e, virou uma obsessão para combater o medo de sofrer por não fazer. É terapêutico.
O direito e o dever do autocuidado é transversal a qualquer função. O que nos permite não chegar ao nosso limite é impor limites ao que interfere com o nosso bem-estar.
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