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Informação é o tipo de formato onde uso de IA mais é rejeitado pelos portugueses

Rafael Ascensão,

A maior aceitação do uso de IA no audiovisual recai sobre a ficção. Já a maior parte da rejeição é registada junto de situações relacionadas com a informação mas também com a componente humana.

A apresentação foi feita pelo diretor geral da GfK, António Gomes. Foto: APIT

A informação tendencialmente é o tipo de conteúdo que acolhe mais rejeição em termos de utilização de inteligência artificial na sua criação”, avançou António Gomes, diretor geral da GfK, na apresentação de um estudo sobre a relação dos portugueses com a inteligência artificial (IA), em particular na produção audiovisual.

O estudo “A Inteligência Artificial na Produção Audiovisual: O Olhar dos Portugueses”, que contou com 603 entrevistas feitas a portugueses com 18 ou mais anos de idade, foi apresentado na nona edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão.

Segundo o estudo, os programas de informação são mesmo o tipo de conteúdos audiovisuais que apresentam menos aceitação por parte dos portugueses no que toca à utilização de IA para a sua criação, sendo que 26% dizem “não concordar nada” com a sua utilização. No entanto, 14% dizem que “concordam muito”.

Por outro lado, os filmes (25%) e as séries (23%) são os que acolhem a maior percentagem de respostas “concordam muito”, embora 13% dos inquiridos digam que “não concordar nada”.

Quanto a situações concretas onde se possa usar ou vir a usar IA, a maior aceitação volta a recair sobre os filmes e séries, enquanto a maior parte da rejeição é registada junto de situações relacionadas com a informação, mas também aquelas relacionadas com a componente humana.

Tudo o que significa pessoas que são artificiais, a propensão é para uma rejeição maior. Já componentes técnicas têm um índice de aceitação maior”, explicou António Gomes na apresentação.

Por exemplo, um filme ou série onde os cenários sejam criados por IA recolhe uma aceitação de 26% e rejeição de 14%. Por outro lado, um jornalista ou apresentador de telejornal ser criado por IA apresenta uma rejeição de 34%, contra uma aceitação de apenas 11%.

Esta tendência de rejeição, quando se trata do uso de IA para substituição da figura humana, é ainda mais expressiva quanto à hipótese de os concorrentes de um reality show serem criados por IA (37%) ou de um apresentador de um programa da manhã/tarde ser criado por esta tecnologia (35%). Em ambos os casos a aceitação é de apenas 9%.

Entre outros dados apresentados, relacionados com a utilização da inteligência artificial na criação de conteúdos audiovisuais, 26% dos portugueses consideram que é muito interessante esta utilização, enquanto 23% dizem que a mesma é muito adequada.

63% consideram que o uso de IA na criação de conteúdos audiovisuais “vai dar origem a conteúdos audiovisuais falsos com pessoas, vozes e cenários falsos” e 39% que vai “diminuir a criatividade de quem imagina séries, filmes e programas de televisão”. Já 33% afirmam que “vai limitar-nos nos gostos porque só vamos ver o que a IA sugere para nós”.

Num panorama mais positivo, é apontado pelos inquiridos que a IA “vai mudar completamente o
futuro dos filmes e séries como os conhecemos” (45%) e “vai permitir ver imagens inéditas por serem diferentes de tudo o que já vimos” (40%).

É ainda referido pelos portugueses que a IA na produção audiovisual permite melhorar a qualidade das séries/ filmes e programas” (31%) e “ter boas recomendações personalizadas do que ver na televisão” (27%).

O estudo foi apresentado na nona edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão. Foto: APIT

Entre as desvantagens da IA na criação de conteúdos audiovisuais, os portugueses apontam principalmente a contribuição para o aumento do desemprego (14%), ao que se segue a criação de conteúdos falsos, a falta da parte humana nos conteúdos e a perda de criatividade, aspetos referidos por 9% dos inquiridos.

Já entre as vantagens, 10% acham que a IA ajuda na produção/eficiência na produção, enquanto 8% respondem que potencia a criatividade. Já 7% dizem que permite criar conteúdos mais rapidamente.

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