E se todos acreditarmos?

  • António Fuzeta da Ponte
  • 27 Março 2024

As empresas são um dos “stakeholders” (como se diz nas salas de reunião) mais importantes do tema Educação. Estamos felizes com a qualidade que recebemos? Se sim, ok, podemos continuar calados.

Vivemos num país incrível. Com a sorte de ter uma localização geográfica temperada pelo Atlântico, pelo Mediterrâneo e pelo espaço Europeu, que nos tem defendido com um escudo amplo de democracia, paz e alguma prosperidade.

Portugal é incrível agora, mas pode e deve ser ainda mais incrível no futuro. E o futuro, como sabemos e estamos sempre a repetir, constrói-se na escola, desde cedo. O futuro está na Educação, na preparação do que irá ser.

Agora, com as eleições e respetivas campanhas, saíram por um tempo dos telejornais os temas de protesto com a Educação, mas temos todos bem fresco o tema. E sabemos quem são as partes envolvidas e que vemos nos telejornais com regularidade: os professores, os pais, os sindicatos, os políticos, até os alunos…

…mas nunca vemos nessas mesmas notícias uma das partes mais envolvidas: as empresas. As empresas são de facto um dos “stakeholders” (como se diz nas salas de reunião) mais importantes do tema Educação. Somos nós que recebemos a matéria-prima, somos nós que recebemos os recém-licenciados, os ex-alunos e com eles tentamos fazer o que fazemos todos os dias. E está tudo bem? Não falamos porque está tudo bem? Estamos felizes e satisfeitos com a qualidade que recebemos? Se sim, ok, podemos continuar calados.

Mas se acreditarmos que pode ser melhor, e eu por acaso acredito, então não podemos ficar calados, nem parados. Temos de falar, temos de trazer o tema também connosco e, claro, tentar fazer parte da solução.

Tal como Portugal, tenho a sorte de estar bem contextualizado, a empresa a que pertenço faz um esforço incrível na sua ligação à academia e também na receção ao ex-alunos e futuros colaboradores. Os programas de estágios são muito bem preparados e toda essa fase de transição de vida é muito bem trabalhada entre empregador e novos trabalhadores. Mas estou consciente que somos uma exceção.

E estou mesmo consciente que se todos acreditarmos que pode ser melhor, então vamos tentar interferir mais na Academia, no Estado e em todo o processo de ensino para que as pessoas que nos chegam para o dia zero de uma carreira de anos de trabalho nos cheguem mais aptas, mais competitivas, mais ambiciosas, mais preparadas também para gerirem a sua carreira.

Posto isto, gostaria de particularizar e dar os parabéns a uma equipa que entendeu muito bem tudo isso: o Pedro Santa Clara e toda a equipa da Escola 42 e agora do TUMO, defendem um ensino diferente, gratuito e democrático, baseado em novos métodos, oferecendo tecnologia, artes e outros temas, a quem quiser desde cedo investir em si. E oferecendo às empresas a capacidade de fazerem parte, não só financiando mas também influenciando e participando nos programas. Se não conhecem, investiguem. O Pedro acreditou nisto e está a tentar mudar o paradigma. Se todos acreditarmos, acredito que daqui por uns anos o tema não será problema, será motor. Da economia e da sociedade.

  • António Fuzeta da Ponte
  • Diretor de marca e comunicação da Worten

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