
Prosa do vento que passa
Tem-se gerado e incentivado ódio aos “ricos”, aos que arriscam e investem, porque é mais giro ser pobre.
- Em 2024 a cidade foi visitada por 15,7 milhões de pessoas. Lisboa representa 20% da receita turística nacional.
- Cerca de 20% dos residentes legais em Lisboa são estrangeiros e uma das maiores comunidades é a francesa.
- No Porto e Lisboa, constroem-se mais hotéis do que prédios de habitação, mas persegue-se ou desvaloriza-se quem mais tem contribuído para a reabilitação da cidade: os pequenos e médios investidores que transformaram ruínas em casas muitas vezes usadas como AL.
- No Alentejo (Grândola e Alcácer, essencialmente) começa a oferecer-se um destino turístico pensado sem complexos e com qualidade (e preço), mas a espúria aliança entre “ambientalistas” e egoístas prefere Quarteira ou Armação de Pêra, talvez por serem mais miseráveis — e é na miséria que alguns seres vivos se reproduzem.
- A floresta arde (pelos vistos, já arde há muitos milhares de anos), fala-se da desertificação e da perda de interesse económico por algumas regiões.
- Mas, quando alguns setores tentam levar riqueza à pobreza, levantam-se as pedras e as almas penadas porque a agricultura industrial destrói as terras e as energias alternativas, afinal, são nocivas para o ambiente – num quadro de esquizofrenia sem razão ou explicação.
- Tem-se gerado e incentivado ódio aos “ricos”, aos que arriscam e investem, porque é mais giro ser pobre. A desigualdade extrema é pecado, a igualdade é abstração — pobres espíritos que nos querem enganar com amanhãs que não cantam.
- Os três maiores clubes de futebol acumulavam uma dívida superior a 1,4 mil milhões de euros no final de 2024.
- Em Portugal existem 248 mil casas em condições de uso imediato, mas que estão fechadas. O Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana aponta como principais causas a morte de moradores e processos de partilhas entre herdeiros.
- O Estado não sabe quantos prédios tem.
- O Estado não sabe explicar por que mantém os seus (que são nossos) edifícios desocupados ou em ruínas quando há pessoas sem casa.
- O fim das portagens em algumas autoestradas vai custar-nos mais de mil milhões de euros nos próximos 10 anos, diziam os jornais há um ano. Mas já em 2025 deverão ser 180 ME.
- O caso do elevador da Glória e a morte de tantas pessoas põem a nu a tragédia de ser português. Pior do que a irresponsabilidade é a ideia de fragilidade das infraestruturas, das instituições, de alguns meios de comunicação; a conversa de café em horário nobre, a simplificação da discussão, a dificuldade em ser preciso e verdadeiro.
- Carlos Moedas pode ter alguns defeitos, normal num ser humano, mas seria estúpido ceder ao populismo e destruir a sua dedicação e entrega ao serviço público por razão onde, manifestamente, não existe responsabilidade subjetiva.
- O centro político continua a dar sinais de erosão e palermice assinaláveis.
- André Ventura é um político hábil, inteligente, carismático. Não precisa usar vídeos horríficos de um assassinato, com sangue a jorrar, para ganhar votos. Como não precisa inventar festas de hambúrgueres para criticar adversários políticos, neste caso o presidente da República. A impreparação e voracidade, como se a vida fosse o TikTok, dá nisto.
- A comunicação do Chega, nas redes, nas ruas, na televisão, é agressiva e eficaz. As virgens puras que odeiam Ventura e sonham com a sua eliminação política talvez devessem trabalhar mais e comentar emocionalmente menos. Ventura tem sorte com os inimigos tontos que arranjou.
- A comunicação está no centro da vida pública, como nunca esteve. A esquerda já foi mestre na arte, mas agora cansou e cansou-se. O centro vai dando sinais de anquilosamento. Restam os outros, os que sabem usar as redes, os que sabem usar a TV, os que sabem dizer a coisa certa ao ouvido do desvalido.
- Não acreditemos no fim da História. Acreditemos que há círculos que se movem e repetem. Depois da sauna haverá sempre um duche frio.
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