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PRR tem novas agendas. Investimento encolhe mais nos insetos

Novas agendas mobilizadoras têm cortes de investimento face ao valor inicialmente proposto entre 9% e 28%. Não está previsto aumento.

Estão em marcha mais nove das 53 agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Os projetos de investimento que ligam empresas, startups e a academia foram apresentados nesta terça-feira mas tiveram de ser reajustados face aos montantes inicialmente previstos. Os cortes variam entre 9% e 28%, segundo os cálculos feitos pelo ECO. Não serão libertadas mais verbas para estas agendas.

Foi-nos pedido um corte de 20% no investimento das agendas pelo IAPMEI. Sem isso, o cofinanciamento dos projetos não teria a mesma dimensão”, referiu ao ECO o responsável por um dos consórcios, que pediu para não ser identificado. Responsável por outro dos consórcios, Mário Jorge Machado considera que os cortes não têm impactos significativos: “Quando se desenham estes projetos, há sempre arestas que podem ser limadas”, referiu o também líder da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.

Sem desmentir a situação, o presidente do IAPMEI, Luís Guerreiro, referiu ao ECO que “os custos e investimentos são propostos pelas empresas e depois são necessárias algumas retificações. Alguns custos são não elegíveis e só quando se chega à fase final é que se sabe quais são os valores definitivos.”

Contudo, está afastado o reforço de verbas para estas medidas. Num cenário em que no PRR apenas há 930 milhões de euros para os incentivos das agendas mobilizadoras e os 1,6 mil milhões adicionais não podem ser usados na totalidade para as agendas, o líder do IAPMEI refere que os valores “estão todos fixados” pelo primeiro-ministro.

No final da cerimónia, António Costa defendeu uma “lição a reter para o futuro”: “devemos ser ambiciosos quando desenhamos estes programas. A dotação inicial [das agendas] era de 980 milhões de euros e achava-se excessivamente ambicioso. Felizmente, reservaram-se mais recursos para as agendas”, que permitirão alavancar um investimento total de 7,7 mil milhões de euros.

Insetos são os que mais encolhem

O projeto ligado ao potencial dos insetos foi o mais afetado pelos cortes. Inicialmente, estavam previstos 60,1 milhões de euros para a iniciativa que quer transformar os insetos numa forma alternativa de alimentação para humanos e animais, além de desenvolver novos produtos para a indústria. No entanto, o orçamento encolheu em 28,4%, para 42,988 milhões de euros. Este projeto prevê criar 140 novos empregos e 100 novos produtos e serviços.

A agenda da Impetus Portugal para digitalização da indústria têxtil e do vestuário teve o segundo maior corte: inicialmente, estavam previstos 58,3 milhões de euros para reduzir o papel dos humanos na confeção. No final de contas, as verbas encolheram 21,1% para 46 milhões de euros. A ideia é criar 26 novas soluções nesta área.

Na área da inteligência artificial, o consórcio da Unbabel contava com 94,3 milhões de euros. No entanto, apenas foram aceites 77 milhões de euros, menos 18,35% do que inicialmente previsto. A iniciativa pretende criar 215 novos empregos e acabar com o preconceito destes sistemas, habitualmente discriminatórios em termos de género e de etnia, além de não serem propriamente responsáveis.

Noutro campeonato, o projeto da Galp para descarbonizar o setor dos transportes prevê um investimento de 527 milhões de euros. Teve o menor corte (-8,92%) face à proposta inicial, de 578,6 milhões de euros. Também é o que recebe menos incentivos, de apenas 12,6%. A energética portuguesa pretende construir quatro estações de abastecimento de hidrogénio e ainda produzir diesel renovável e combustíveis. Pretende criar 510 empregos com esta iniciativa.

Foram ainda apresentadas mais cinco agendas nesta terça-feira na Fundação de Serralves, no Porto:

  • Microeletrónica – consórcio liderado pela ATEP, nos terrenos da antiga Qimonda, em Vila do Conde. Com investimento de 68 milhões de euros, pretende desenvolver mais de 25 novos produtos e serviços na área dos semicondutores;
  • Route 25 – projeto liderado pela Capgemini para tornar Portugal num centro de inovação para a mobilidade conectada. Conta investimento 50 milhões de euros e criar mais de 1.000 novos postos de trabalho nos próximos três anos;
  • Giatex – iniciativa da Estamparia Têxtil – Adalberto Pinto da Silva para gestão inteligente da água na indústria de têxtil e vestuário. Pretende reduzir consumo de água em 40% e as emissões em 30%;
  • Pacto de Inovação Bioeconomia Azul – investimento de 134 milhões de euros até 2025 para “impulsionar o desenvolvimento de um setor económico industrial de ponta, assente na aplicação de biorrecursos marinhos a múltiplas indústrias”. Pretende criar 52 novos produtos e 350 postos de trabalho qualificados até ao final de 2025;
  • Acelerar e transformar o turismo – agenda da Pestana Management para combinar mundo físico e mundo digital do turismo. Prevê investimento 152,5 milhões de euros nos próximos anos e criar 263 postos de trabalho, dos quais 78 altamente qualificados.

Faltam agora assinar os restantes dez contratos para as agendas mobilizadoras, segundo o primeiro-ministro.

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