Câmara do Porto critica falta de planeamento da nova rede de autocarros da AMP
A AMP vai desembolsar um total de 311,6 milhões de euros, ao longo de sete anos, no âmbito da nova rede de transportes públicos rodoviários.
A Câmara Municipal do Porto criticou, esta segunda-feira, a “falta de planeamento” da nova rede de autocarros UNIR, da Área Metropolitana do Porto (AMP), antevendo um “impacto muito significativo” na cidade e “ainda mais problemas” do que os ocorridos em Lisboa.
“Podemos concluir que houve falta de planeamento e organização da AMP no arranque da rede UNIR, prejudicando o município do Porto e os municípios com grande interação com este, como é o caso de Maia e Matosinhos”, pode ler-se numa nota distribuída, esta segunda-feira, aos vereadores pelo executivo municipal liderado por Rui Moreira.
Na nota entregue na reunião privada do executivo, a que a Lusa teve acesso, a Câmara Municipal do Porto faz referência a que, “a partir do próximo dia 1 de dezembro de 2023, as linhas dos lotes 2, 3, 4 e 5 da rede UNIR entrarão em funcionamento”, mas não o 1, que servirá Maia, Matosinhos e Trofa.
Numa nota já publicada pelo operador Maré, que serve sobretudo Matosinhos, pode ler-se que “nas linhas da rede Maré não haverá alterações no dia 1 de dezembro de 2023”, pelo que “continuará em operação normal com os mesmos percursos e horários”, e “atempadamente serão divulgadas todas as informações relativas transição da rede Maré para a rede UNIR”.
Podemos concluir que houve falta de planeamento e organização da AMP no arranque da rede UNIR, prejudicando o município do Porto e os municípios com grande interação com este, como é o caso de Maia e Matosinhos.
A nova rede UNIR e respetiva imagem irá substituir, em dezembro, os serviços efetuados pelos cerca de 30 operadores privados rodoviários na AMP, como por exemplo a Caima, AV Feirense, Transdev, UT Carvalhos, Gondomarense, Pacense, Arriva, Maré, Landim, Valpi, Litoral Norte, Souto, MGC, Seluve, Espírito Santo, entre outros, utilizando o sistema Andante.
A autarquia do Porto criticou também “os problemas ao nível da informação ao público” na UNIR, considerando que “é deficitária, pouco clara, gera muitas dúvidas e não existe um canal de comunicação prático e objetivo para o esclarecimento dos utilizadores”.
Segundo a autarquia, que detém a maioria do capital da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), até esta “tem recebido contactos de utilizadores dos antigos operadores privados (Espírito Santo, Valpi, MGC, Gondomarense) com pedidos de esclarecimentos, muitos perguntando se será a STCP a explorar as novas linhas”.
“Importa referir que a STCP nada tem que ver com a rede UNIR“, vinca a autarquia portuense.
No site, já lançado pela UNIR, é apenas visível um email para contacto, geral@unirmobilidade.pt, não estando, contudo, disponível qualquer linha telefónica direta para esclarecimentos sobre o novo serviço.
“Para se perceber o grau de impreparação, o que existe é uma mera aplicação que converte a designação das linhas antigas na designação das novas linhas da UNIR. Não há qualquer referência aos horários que serão praticados e onde podem ser consultados”, aponta ainda a autarquia liderada por Rui Moreira.
Importa referir que a STCP nada tem que ver com a rede UNIR.
Para a maioria na Câmara Municipal do Porto, esta “série de falhas consecutivas cometidas pela AMP no planeamento da rede UNIR” leva a “antever a possibilidade, diga-se muito real, de um impacto muito significativo no município do Porto“.
A autarquia afirma já ter contactado a AMP sobre a “preocupação pelo facto de ainda não terem sido dados a conhecer os horários”, cujos locais de afixação nos terminais do Porto “encontram-se completamente vazios, aguardando a chegada das informações”.
O município portuense revela ainda que, “nos últimos dias, a empresa AV Feirense tomou a decisão, à revelia” da autarquia, de avisar que o término das linhas no Porto, a partir de 1 de dezembro, seria na Rua Alexandre Herculano”, uma prática que “não será possível, nem autorizada”, já que “a Polícia Municipal estará a fiscalizar tal incumprimento do Código da Estrada”, avisa.
Além disso, “ainda não foi concretamente articulada e definida” entre o Porto e a AMP “a localização das paragens intermédias nos corredores de S. Roque da Lameira e da Rua do Freixo, assim como os lugares reservados à UNIR nas restantes interfaces/terminais”.
Até sexta-feira, a Câmara Municipal do Porto irá remeter à AMP e aos operadores UNIR “os locais autorizados para paragem intermédia e términos de linhas, bem como os espaços onde podem disponibilizar informações ao público e afixar a ‘bandeira’ da linha”.
A autarquia portuense recorda ainda os “problemas que existiram no arranque da operação da Carris Metropolitana na Área Metropolitana de Lisboa”, antevendo que “o arranque da UNIR poderá provocar ainda mais problemas”.
A AMP vai desembolsar um total de 311,6 milhões de euros, ao longo de sete anos, no âmbito da nova rede de transportes públicos rodoviários, segundo os contratos.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Câmara do Porto critica falta de planeamento da nova rede de autocarros da AMP
{{ noCommentsLabel }}