Impasse político prolongado pode atrasar execução do PRR, alerta DBRS
A agência de notação recordou ainda que a AD tem rejeitado um pacto pós-eleitoral com o Chega. "Não descartamos, contudo, que cálculos políticos possam mudar depois das eleições", vincou.
A agência de notação DBRS alertou esta segunda-feira que um período prolongado para a formação de Governo após as eleições legislativas de 10 março, ou um resultado que crie instabilidade política, poderá dificultar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Numa nota de comentário, a DBRS referiu que as últimas sondagens sugerem uma corrida renhida entre os dois principais grupos centristas, o Partido Socialista (PS) e a a Aliança Democrática (AD), sublinhando que “nenhum dos dois grupos tem hipóteses de obter a maioria absoluta no Parlamento”.
“Vemos riscos limitados para os esforços de redução da dívida pública de Portugal nos próximos anos, independentemente do partido que liderar o próximo governo”, disse Javier Rouillet, vice-presidente sénior da Morningstar DBRS Global Sovereign Ratings, citado na nota.
“O risco mais tangível a curto prazo é um potencial atraso na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, especialmente se a formação do governo se arrastar ao longo do tempo ou se o próximo Governo for de curta duração e desencadear eleições antecipadas relativamente cedo”, vincou.
Chega “distorceu estratégias”
Para a DBRS, a corrida eleitoral ainda está em aberto e os dois grupos centristas têm hipótese de formar governo, até porque ainda existe uma percentagem significativa de eleitores indecisos.
Adiantou que apesar de as últimas sondagens apontarem para uma corrida renhida entre a AD e o PS, a popularidade do PS parece ter caído drasticamente em comparação com as eleições de 2022 “enquanto a popularidade do Chega mais do que duplicou e os partidos que compõem a AD estão a manter-se firmes”.
A subida do Chega nas sondagens de opinião distorceu as estratégias políticas e os debates políticos antes das eleições regionais e nacionais. “Ainda assim, não consideramos que a perspetiva de o Chega se juntar ou dar apoio parlamentar a um potencial governo liderado pela AD afetaria materialmente a política orçamental ou económica de Portugal, uma vez que esta será provavelmente dominada pela AD”, referiu.
A agência de rating recordou que Luís Montenegro, líder da AD, reafirmou publicamente que um pacto com o Chega está fora de questão. Refere que “no entanto, não podemos excluir que os cálculos políticos possam mudar após as eleições“.
Em todo o caso, o partido que liderar o próximo Governo terá de negociar um acordo de coligação ou um apoio numa base caso a caso.
“Isto pode ter implicações diferentes em termos de em termos de durabilidade do governo e de combinação de políticas”, enquanto “a obtenção de acordos políticos alargados poderá ter custos orçamentais marginais, embora não esperemos que sejam suficientemente importantes para afetar as atuais notações, dada a a forte posição orçamental atual”.
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