“Um festival é sobretudo uma experiência. Temos que melhorar muito a experiência”
O arranque do SBSR é o ponto de partida para a entrevista a Luis Montez, dono da Música no Coração. Os festivais, a venda das rádios e a entrada da Live Nations são alguns dos temas abordados.
Verão é sinónimo de festivais de música. Depois do Primavera Sound Porto, do Rock in Rio, do Sumol Summer Fest e do Nos Alive, que decorreu no último fim de semana, chega agora a 28.ª edição do Super Bock Super Rock. Luís Montez, dono da Música no Coração, espera receber 20 a 25 mil pessoas por dia na Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, que volta a ser a casa do evento.
Este ano, pela primeira vez, quem tem bilhete diário pode, por mais 14 euros, acampar. “Se calhar bebeu um bocadinho, não convém pegar no carro, fica lá”, explica o promotor do festival. A tenda eletrónica foi também orientada de modo a não interferir no som do palco principal, uma das críticas do ano passado. “Um festival é sobretudo uma experiência. Temos que melhorar muito a experiência, sempre”, acrescenta.
Em agosto segue-se o Sudoeste, este ano sem naming sponsor, após a Meo ter deixado de patrocinar o festival. “O impacto é grande”, reconhece Luís Montez, “não só em termos financeiros, como é óbvio, mas também em termos de comunicação”. “A Meo era uma máquina de promoção. Portanto, são custos que tivemos que suportar”. A continuidade do festival chegou a ser equacionada. “Tivemos que ponderar, mas achámos que era pior se não fizéssemos. Todos os dias nascem festivais e alguém ia ocupar o espaço, era um risco. Penso que esta edição vai correr muito bem e certamente vão aparecer marcas interessadas em estar connosco, quem sabe o próprio Meo”, acrescenta.
Este ano é então encarado como um investimento, a apontar para próximas edições. “Às vezes temos que andar um passo atrás para ir dois à frente. Acho que temos um belo cartaz, o recinto vai ficar bonito e temos já clientes há quase 28 anos”, refere.
“Sem os patrocinadores, tínhamos que pôr bilhetes muito mais caros, mas depois o público não conseguia ir”, recorda Luís Montez, que também em agosto, em Fátima, vai fazer em parceria com a Medialivre o Festival da Saudade.
Nesta primeira edição, são esperadas cerca de 15 mil pessoas. “Faltava-nos um bom festival de música portuguesa, mais popular, sem ser ‘pimba’, justifica. Este surge assim alavancado “com a força do grupo Medialivre” e num cenário no qual são esperados, no Dia do Emigrante, 1,5 milhões de pessoas. “Estão lá com a família e com os amigos. Porque não ouvir música, beber uns copos e confraternizar e provar uma gastronomia local?”, sugere.
Sobre o crescente número de festivais, para os quais é necessário tanto público como marcas associadas, Luís Montez defende que “o mercado vai acabar por selecionar”.
No entanto, os promotores debatem-se com uma questão acrescida. “Neste momento estamos a sentir uma febre de as autarquias fazerem festivais gratuitos. Ao menos podiam pôr bilhetes a 1 ou 2 euros, para uma instituição de solidariedade do concelho, mas não. E isto também desgasta um bocado os artistas. Quando não se paga para ver, também não se valoriza muito”, aponta.
A venda da Rádio Festival e da SBSR à Medialivre, “essencialmente para diminuir dívida à banca”, é outro dos temas abordados na entrevista. Luís Montez tem ainda as rádios Marginal, Amália e Rádio Nova Era, “que se equilibram”.
No portefólio também a rádio Sudoeste, agora sem a Meo, que “está a precisar de mais força”. “Vamos fazer o festival e depois vamos pensar como é que damos a volta ao tema”, diz, reconhecendo que, “se aparecer uma boa proposta”, a venda é uma possibilidade.
A entrada da Live Nations no mercado, através da compra de uma posição de controlo na Ritmos & Blues e na Arena Atlântico, há 17 meses a ser avaliada pela AdC e desde o final do ano em investigação aprofundada, é outro dos temas abordados na entrevista a Luís Montez, que, a concretizar-se o negócio, ficará com uma posição de 30% na dona do Meo Arena.
Assista à entrevista completa:
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.