Politécnico de Coimbra critica Estado por não ceder edifícios para residências
"É o próprio Estado que não faz nada com os seus edifícios e também não os cede para nós lá fazermos alojamento", critica presidente cessante do Politécnico de Coimbra.
O presidente do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) lamentou esta quarta-feira que o principal opositor à criação de mais camas para estudantes seja o Estado, que não cede e nada faz com edifícios seus que estão abandonados.
“Nós ouvimos todos os dias os nossos ministros dos diversos governos dizerem que não há alojamento, que não conseguimos fazer alojamento nem para jovens nem para os estudantes, mas depois nós descobrimos que o principal opositor a que a gente faça alojamento é o próprio Estado, que não faz nada com os seus edifícios e também não os cede para nós lá fazermos alojamento“, afirmou Jorge Conde, que discursava na sessão de abertura do Fórum A2ES — Alojamento de Estudantes do Ensino Superior, em Coimbra.
Para o presidente cessante do IPC, a principal queixa que faz nesta matéria, depois de oito anos de mandato, não é da falta de dinheiro, mas de condições para assegurar mais alojamento estudantil, nomeadamente a falta de disponibilidade para ser libertado património público abandonado.
Na sua intervenção no fórum promovido pelo IPC para discutir o alojamento estudantil, Jorge Conde apontou para casos específicos em Coimbra.
Num dos casos, há oito anos, pediu à Câmara Municipal, na altura gerida por outro presidente – e repetiu o pedido quando o novo executivo entrou -, para que fossem cedidos dois edifícios ao IPC para serem criadas residências estudantis.
“São edifícios centrais, um da Câmara Municipal e o outro é património de uma força militar qualquer. Pedimos que nos entregassem esses dois edifícios para nós fazermos residências e todos [os imóveis] tinham projetos pensados para lá e em todos ia acontecer qualquer coisa. Oito anos depois, os edifícios estão pior do que estavam e mais degradados”, notou.
Jorge Conde recordou também um pedido de cedência de dois edifícios “fechados há muito tempo”, da Segurança Social, junto ao Instituto de Contabilidade e Administração, com o mesmo propósito, que também acabou rejeitado com a justificação de projetos para esses imóveis.
“Os edifícios continuam lá e nada aconteceu”, constatou.
Além da necessidade de intervenção no património público, o presidente do IPC defendeu também um plano de manutenção do alojamento estudantil, recordando que as cerca de 260 camas do Politécnico que estão a ser reabilitadas e que têm 23 ou 24 anos nunca tinham tido “os colchões mudados”.
“Hoje, já temos um plano para construir e reabilitar, mas continuamos a não ter um plano para a manutenção do alojamento“, alertou.
Durante a sessão de abertura, o presidente da Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico, Diogo Machado, considerou que o atual esforço para o aumento do alojamento estudantil no ensino superior é bem-vindo, mas a resposta ainda está “aquém das necessidades reais”.
O dirigente estudantil defendeu ainda a regulação do mercado de alojamento estudantil, nomeadamente o combate aos quartos arrendados sem contrato, que continuam “a ser uma realidade que fragiliza os estudantes e famílias”.
Na sua intervenção, propôs também uma revisão do complemento ao alojamento face aos preços praticados nas várias regiões e a transferência de património do Estado para instituições de ensino superior e municípios.
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