
Volvo EC40 Black Edition: Luxo sueco com preço à prova de frio
Com visual marcante, tecnologia integrada e autonomia sólida, o Volvo EC40 Black Edition aposta na exclusividade, mas o valor não convence todos os bolsos.
Se a ideia de sair de casa com “apenas” 60 mil euros na carteira para um elétrico premium ainda lhe provoca um calafrio, experimente olhar para o novo Volvo EC40 Black Edition como quem avalia um bom vinho: o segredo está no equilíbrio.
Este coupé-SUV, sucessor direto do C40 Recharge, chega pintado num Onyx Black que dispensa cromados e exibe jantes de 20 polegadas igualmente negras. Uma declaração de intenções que pode não agradar aos amantes de cores vibrantes, mas que confere ao modelo sueco uma presença inegável na estrada.
Isso é bem notado logo pela manhã ao volante, numa típica viagem casa-trabalho em Lisboa. Ao deslizar silenciosamente pelas ruas da capital — apenas com o leve sussurro do sistema elétrico a lembrar-nos que estamos num veículo elétrico –, o que primeiro chama a atenção não são os habituais controlos, mas sim os painéis decorativos do tablier.
Iluminados subtilmente por LED, revelam-se muito mais do que meros ornamentos, mas mapas topográficos das ilhas de Brännö e Asperö, junto a Gotemburgo, numa homenagem às origens suecas da marca que pode passar despercebida ao condutor português, mas que demonstra bem a atenção ao pormenor da marca que justifica parte do investimento.
Além desse cuidado, é também um ponto positivo o facto de o EC40 Black Edition, ao contrário do minimalismo extremo do Tesla Model Y ou mesmo do irmão mais pequeno EX30, mantém alguns botões físicos estrategicamente colocados: o volume do rádio é controlado por um botão rotativo real, assim como os botões de controlo dos vidros e dos retrovisores está — como sempre esteve –, localizado na respetiva porta. Um alívio para quem apesar de gostar da modernidade, ainda achar que coisas básicas, apesar de antigas, continuam a fazer sentido. Para a climatização básica, contudo, temos de recorrer ao ecrã central de 9 polegadas em orientação vertical.
O sistema Android integrado funciona bem, especialmente quando precisamos de navegação. O Google Maps nativo é uma vantagem prática que poucos concorrentes oferecem de forma tão fluida. Numa cidade como Lisboa, com as suas ruas estreitas e subidas íngremes, ter acesso direto aos dados de trânsito em tempo real sem dependência do smartphone faz diferença.
Fora da viagem quotidiana da cidade para o trabalho, o EC40 Black Edition também não desilude. Numa escapadela familiar até Palmela, os 42 quilómetros de distância permitem avaliar o comportamento em diferentes cenários. A aceleração é linear e progressiva, sem os sobressaltos típicos dos motores a combustão.
Os 420 Nm de binário da versão Single Motor Extended Range testada pelo ECO estão disponíveis desde o primeiro momento, tornando as ultrapassagens na A2 uma tarefa simples e segura, permitindo atingir os 100 km/h em 7,3 segundos — não é um míssil, mas é mais que suficiente para as necessidades do dia-a-dia.
A posição de condução é bastante boa, aproveitando a herança da plataforma CMA que privilegia o espaço interior. A visibilidade frontal é também positiva, mas a traseira ressente-se da linha coupé descendente do tejadilho. Os espelhos retrovisores maiores ajudam, mas obrigam a uma maior dependência das câmaras de estacionamento.
Durante a viagem Lisboa-Palmela, o consumo ronda os 16-17 kWh/100km, valores alinhados com as especificações oficiais de 16,4-16,7 kWh/100km. Com a bateria de 78 kWh e autonomia oficial entre 566-578 quilómetros em regime de WLTP, o EC40 Blac Edition oferece margem suficiente para utilizações típicas portuguesas, embora, na prática, se fique pelos 400 a 450 quilómetros dependendo das condições de condução.
Os cerca de 60 mil euros que custa o EC40 Black Edition está longe de ser uma pechincha. O valor reside mais na experiência de condução refinada e na exclusividade estética do que numa relação preço/prestações imbatível.
Em termos de área, o EC40 oferece também um interior espaçoso e confortável, garantido um volume de 404 litros de capacidade de carga na bagageira, a que se junta ainda um compartimento de 31 litros na zona frontal do carro, sendo perfeito para manter os cabos de carregamento à mão e protegidos.
Com um preço final de 63.351 euros na configuração ensaiada, o EC40 Black Edition enfrenta concorrência feroz, como por exemplo o BMW iX1, que parte dos 49.700 euros com 313 cavalos e 474 quilómetros de autonomia, o Mercedes EQA 250+, que tem como preço base 53.950 euros com 190 cavalos e 557 quilómetros de autonomia, ou o renovado Skoda Enyaq 85, que começa nos 51.292 euros com 286 cavalos e 575 quilómetros de autonomia.
Mas o Volvo EC40 Black Edition revela-se um automóvel competente que cumpre bem o seu papel de SUV elétrico premium. O equilíbrio entre design distintivo, tecnologia bem integrada e qualidade de construção sueca justifica-se para quem valoriza estes atributos. Contudo, os cerca de 60 mil euros, está longe de ser uma pechincha. O valor reside mais na experiência de condução refinada e na exclusividade estética do que numa relação preço/prestações imbatível.
Quem procura o melhor negócio encontrará alternativas mais convincentes no Skoda Enyaq ou BMW iX1. O EC40 Black Edition é para quem não se importa de pagar um prémio pela diferenciação. É uma boa opção, mas não necessariamente um bom negócio para todos os bolsos. No final, como um bom vinho, o seu valor depende do paladar de quem o prova.
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