Lixo, polícia e empregos. Moedas apresenta 15 medidas para segundo mandato em Lisboa
Presidente da autarquia e candidato pede mais policiamento, promete seis dias de recolha de lixo e quer a Fábrica de Unicórnios a produzir 30 mil empregos. Nos transportes, deixa uma promessa difícil.
Carlos Moedas apresentou nesta quinta-feira 15 medidas do seu programa eleitoral, entre as quais se incluem o Metrobus para Oeiras, a redução de taxas municipais e o combate à burocracia. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa e cabeça de lista da coligação que junta PSD, CDS e Iniciativa Liberal combinou uma resenha de iniciativas já conhecidas e algumas novidades. Por saber está se quando preconiza a frota de “emissões zero” na Carris em 2030, a intenção não será, antes, relativa a veículos de “emissões limpas”.
Carlos Moedas destaca que o programa com que se apresentou a votos no município de Lisboa em 2021 tem um horizonte de oito anos, pelo que, considera, o segundo mandato permitirá concluir a sua visão para a cidade.
Especificando as 15 medidas que levou ao evento, o autarca prometeu um novo modelo de gestão da higiene urbana, com o qual a Câmara será proativa na recolha de resíduos que hoje estão sob gestão das freguesias, de modo a não permitir a acumulação nas ruas, além de passar a recolha de lixo indiferenciado e grandes volumes para seis dias por semana.
Na segurança, promete mais policiamento, guardas-noturnos e vídeo-proteção (passar de 95 para 216 câmaras de video-vigilância) e, no plano de saúde, rastreios gratuitos do cancro de pulmão e do cancro do cólon. Neste caso em concreto, Moedas dirigiu um agradecimento a Leonor Beleza, histórica social-democrata e presidente da Fundação Champalimaud, que foi uma das caras conhecidas do PSD presentes no evento.
Além desta, estiveram no CCB os ministros António Leitão Amaro, Joaquim Miranda Sarmento e Miguel Pinto Luz. Moedas aproveitou a presença para lançar um pedido ao Governo para mais 100 polícias municipais e 500 agentes da PSP.
- Cultura
Professando a “paixão pela cultura” e recordando os museus e a Livraria Lisboa Cultura inaugurados no seu mandato, Moedas promete “mais arte e espetáculos no espaço público”, a implementação da Baixa Pombalina Património Mundial da Unesco (candidatura feita em 2023) e Lisboa Capital Europeia da Arte Contemporânea. Durante o seu discurso, o autarca salientou ainda o reforço no apoio municipal às marchas populares, de um milhão para 1,5 milhões de euros (o documento de apresentação das novas medidas tem precisamente uma imagem deste evento realizado na cidade a 12 de junho).
- Emprego
A Fábrica de Unicórnios irá produzir 30 mil empregos, promete a coligação PSD/CDS/IL. O projeto foi lançado por Moedas no ano da sua eleição, 2021, na Web Summit, e concretizado logo em 2022. O princípio da Fábrica de Unicórnios é o de polo tecnológico para apoiar o ecossistema de start-ups e empreendedores.
A 29 de julho, na rede social X, o autarca deu nota de “16 mil novas oportunidades de trabalho criadas”, com “empregos qualificados, sobretudo para jovens”.
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- Empresas
O candidato social-democrata pretende reduzir taxas municipais e combater a burocracia existente. Se for eleito, promete o “fim do licenciamento zero e reforço da fiscalização do comércio ilegal”.
- Habitação
Na apresentação da candidatura, a 16 de julho, Moedas prometeu “o maior projeto de habitação que Lisboa viu nas últimas décadas”, dando nota de ter desbloqueado 250 hectares de terrenos na cidade – com preponderância na zona oriental.
Agora, volta a frisar esses 250 hectares na cidade para “criação de novos bairros de habitação e parques verdes”.
Durante o evento realizado nesta quinta-feira no Centro Cultural de Belém, o presidente e candidato deu nota do trabalho executado nestes quatro anos, em que se inclui um complemento de renda para 1300 pessoas que por si não conseguiriam pagar um valor mensal a preços de mercado.
Entre as 15 medidas encontra-se ainda o programa “De Volta ao Bairro”, com habitação acessível para os jovens nos bairros históricos.
- Infraestruturas:
Na educação, surgem quatro creches e cinco escolas. Na saúde são prometidos três centros de saúde.
Moedas promete ainda requalificação de “parques emblemáticos”.
- Transportes
A frota da Carris será 100% composta por veículos “com zero emissões”, promete o autarca. O horizonte é 2030, ano imediatamente após o final do mandato que se iniciará após as eleições de 12 de outubro.
Os veículos designados de “zero emissões” são aqueles que se movem a eletricidade ou hidrogénio, não se enquadrando aqui a frota a gás natural, que a Carris designa de “energia limpa”.
De facto, os níveis de poluição de escape é bastante inferior ao dos motores diesel, mas não se enquadram nas “zero emissões”. Nos objetivos preconizados pela Carris para 2027 estão os “87% da frota a energias limpas” e “80% de redução das emissões poluentes”.
Segundo o Relatório e Contas da Carris, a frota no final de 2024 tinha uma média de idades de 11 anos e era composta por 777 autocarros, entre os quais 14 mini elétricos que a empresa batizou de “manjericos” e 19 standard elétricos. Adicionalmente, entraram ao serviço 24 articulados a gás natural comprimido. Ainda durante 2024, foi contratada a aquisição de 75 standard a gás natural, os quais, a efetivar-se a promessa de uma frota 100% sem emissões em 2030, implicaria que mesmo estes deixariam de circular já daqui a seis anos. Assim, a intenção de “zero emissões” poderá ser, sim, relativa a “emissões limpas”.
A infraestrutura de transportes ganhará ainda o metrobus de Lisboa a Oeiras, cujos pormenores foram conhecidos em julho num evento onde estiveram Carlos Moedas, Isaltino Morais (autarca de Oeiras) e o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz. O investimento de 93,5 milhões de euros abrirá caminho a um meio de transporte com 16 autocarros elétricos articulados. O metrobus deverá estar a circular em 2028 e permitirá ligar Linda-a-Velha a Alcântara em 22 minutos, ao invés dos 35 atuais, e Algés ao Colégio Militar em 24 minutos, reduzindo em 13 o tempo atual, anunciou-se então.
No lado dos elétricos será acrescentada uma carreira, o 16E. Como já foi noticiado, este circulará do Terreiro do Paço ao Parque das Nações, ao longo de 12 km com 18 paragens e num “canal 100% dedicado”, conforme promessa da Carris, significando um investimento de 160 milhões de euros, incluindo as composições. A viagem durará 15 minutos.
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