Maioria das capitais de risco do Consolidar quer investir em empresas este mês

Banco de Fomento anunciou que "há várias operações em fase final de decisão” no Consolidar, mas também no Programa de Recapitalização Estratégica. Em causa estão 75 milhões de euros.

O Programa Consolidar está há um ano no terreno e há oito empresas que já receberam fundos das capitais de risco selecionadas. Mas a maioria quer meter o pé no acelerador e prevê investir este mês. Assim, no final de setembro, a fasquia de 43,57 milhões de euros investidos em beneficiários finais – apenas 5% da dotação do Consolidar – deverá subir substancialmente.

O ECO contactou as 11 capitais de risco que asseguraram condições para, até 31 de julho, realizarem a primeira subscrição com envolvimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), que foi lançado no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e concluiu que mais de metade quer investir em empresas ainda este mês. As restantes planeiam fazê-lo até ao final do ano.

A primeira beneficiária final do Programa Consolidar foi, em abril, a Campicarn, através de um investimento de mais de 6,4 milhões de euros por parte da Growth Partners Capital. Esta capital de risco investiu, depois, mais 50 mil euros nas Carnes Campicarn e 4,99 milhões no ID Energy Group, um grupo empresarial dedicado às energias renováveis e especializado na energia solar fotovoltaica. A Crest Capital Partners investiu 26,06 milhões de euros em três empresas — Aquacria Piscícolas, Safiestela e AC Nazaré – e a Touro Capital Partners investiu seis milhões de euros na S317 Consulting, uma empresa de serviços de consultoria e engenharia de gestão na área da sustentabilidade.

A Growth já tem “um compromisso firme com outra empresa, no setor da logística, que ainda não foi fechado por questões administrativas da empresa”, explicou ao ECO Miguel Herédia, garantindo que a conclusão está prevista ainda para setembro. Já a Touro revela que também já tem “investimentos na calha”, porque o fundo “já vinha a ser preparado há algum tempo”.

O segundo investimento, numa indústria de cartonagem, será feito no último trimestre do ano e um quarto no início de 2024, avançou ao ECO Miguel Miranda. O diretor executivo e sócio da Touro revelou ainda que o fundo está dedicado à indústria e, por isso, “faz sentido o foco na automação, tirar partido do offshore para o nearshore e na transição energética, na mobilidade ligeira e no transporte de água”. Quanto à Crest, o ECO sabe que pretende investir as verbas em empresas o mais rápido possível, mas sempre com a preocupação de respeitar a qualidade dos investimentos.

Outra das capitais de risco que já tem fechado um investimento numa empresa é a Fortitude, sendo que este até já foi comunicado ao Banco de Fomento, apurou o ECO. E a Inter-Risco também conta fechar os primeiros investimentos este mês, apurou o ECO, tal como a CoRe Capital e a HCapital

“Informámos os investidores e o BPF que os primeiros investimentos a realizar estão iminentes no setor da indústria”, revelou ao ECO a CoRe Capital. “Teremos os dois primeiros investimentos durante o mês de setembro e outubro”, disse, por seu turno, João Arantes, founding Parner da HCapital, acrescentando que já fizeram a chamada de capital e por isso as novidades vão surgir.

A confirmar estas intenções de investimento, o Banco de Fomento anunciou quinta-feira que “há várias operações em fase final de decisão” no Consolidar (mas também no Programa de Recapitalização Estratégica). Em causa estão operações de investimento que totalizam 75 milhões de euros, que o banco espera serem deliberados pelos órgãos de decisão do banco “nas próximas semanas”, sem precisar os valores para cada programa. “Uma parte significativa destas operações apresenta como investidor privado (que aporta o mínimo de 30% do investimento, a par do máximo de 70% assumido pelo FdCR) empresas não financeiras (parceiros do setor de atividade dos candidatos)”, revelou a instituição em comunicado.

Por seu turno, a Horizon Equity Partner já tem acordos de investimentos com empresas sinalizados, em fase de due diligence final e a aguardar autorizações, por exemplo da Autoridade da Concorrência. Na calha estão investimentos num montante superior a 15 milhões de euros nos setores da saúde e indústria cerâmica.

A ActiveCap tem “várias possibilidades de concretizar investimentos proximamente”, disse ao ECO Pedro Correia da Silva. “Temos tido um ritmo muito intenso de análise de oportunidades de investimento e também de solicitações de empresas a apresentarem oportunidades de capitalização”, revelou o managing partner, recordando a necessidade de manter “o rigor dos critérios de seleção”.

Recorde-se que as capitais de risco têm de ter os investimentos concluídos até ao final de 2025, caso contrário, o montante de FdCR recebido terá de ser devolvido. Inclusivamente, se já tiver sido adiantado dinheiro, que não foi investido, esse tem de ser devolvido, conforme estabelecido no PRR. Razão pela qual, desde início, as capitais de risco criticaram a demora na seleção das candidaturas.

Os fundos de investimento constituídos para a capitalização de empresas obedeciam a uma regra: no máximo, 70% das verbas eram garantidas pelo Fundo de Capitalização e Resiliência e, no mínimo, 30% de investimento privado. As regras determinam ainda depois de 2025, nos cinco anos seguintes, os fundos terão de ir retirando as posições que constituíram nas empresas.

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