Não somos todos iguais

  • Vitor Cunha
  • 5 Julho 2024

As consultoras de comunicação são empresas como outras; e como em todos os setores haverá gente mais ou menos séria. Cada um responde por si. Mas um não pode falar por todos, nem fala.

Ontem, dia 4 de julho de 2024, soube-se de investigação judicial em empresas de comunicação e entidades públicas.

De acordo com o Observador, “a Polícia Judiciária confirma que está a desenvolver buscas no âmbito da operação “Concerto”, perante fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas. Segundo comunicado, a operação policial que visa a execução de 34 mandados de busca e apreensão, 10 buscas domiciliárias e 13 não domiciliária em organismos públicos, e 11 buscas não domiciliárias em empresas, em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.”

Não conheço mais do que isto do processo, as dúvidas que pode suscitar, nem gosto de sentenciar com base na ignorância própria de quem não tem acesso à informação de uma investigação em segredo de justiça. Também não conheço os visados, nunca me cruzei profissionalmente com eles, nem nunca fiz por isso.

Mas não quero esconder o incómodo, a vergonha e embaraço de ter de atender inúmeros telefonemas de pessoas conhecidas, amigos e clientes “indignados” ou “enojados” com os headlines que foram surgindo ao longo daquela manhã de dia 4 de julho.

As consultoras de comunicação são empresas como outras; e como em todos os setores haverá gente mais ou menos séria. Cada um responde por si. Mas um não pode falar por todos, nem fala.

As empresas de comunicação não são comissionistas nem traficantes de interesses.

Não usam informação indevidamente para chantagear clientes ou futuros clientes.

Não pagam serviços ou compram favores.

Não são agentes ou delegações de máquinas partidárias.

Somos empresários, gestores, consultores – humanos também. Erramos como todos, acertamos como muitos.

Como bem sabe quem trabalha em comunicação, a reputação é o nosso melhor ativo. Como também sabemos que a perceção é a verdade instantânea que nos persegue e dita: presente e futuro.

Tenhamos a coragem de não nos deixarmos intimidar por headlines agressivos ou aldrabões encartados e lutemos, todos os santos dias, por manter o discernimento a verticalidade e a capacidade de separar o certo do errado.

Post Scriptum – Convenhamos que ter estes casos nas notícias quando se prepara legislação sobre o lóbi é uma facada que provoca dor e dano.

  • Vitor Cunha
  • CEO da JLM & Associados

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Não somos todos iguais

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião