Otimismo realista
O Estado tem de começar a atuar como facilitador e não como adversário que vai colocando obstáculos no caminho da inovação. E deixar de ser avesso a coisas novas.
83,5% dos utilizadores de internet ouvem áudio em formato digital, seja rádio, música ou podcasts. Destes, 78% fazem-no numa base diária. Quatro em cada 10 aumentaram o consumo de áudio em formato digital no geral e, em particular, de podcasts, no último ano. E três em cada 10 esperam fazê-lo no próximo ano. Estes números são resultado de um estudo feito sobre o consumo de conteúdo em áudio digital que foi feito em março deste ano e mostra bem o crescimento deste formato de conteúdos no mercado nacional.
Esta é uma realidade muito motivadora para quem se dedica diariamente a criar conteúdos, sejam informativos ou de entretenimento. E poderíamos ficar por aqui, reconfortados com estes números e com uma perspetiva animadora do futuro, cruzar os braços e achar que todos os anos teríamos resultados animadores como estes. Mas seriamos otimistas ingénuos.
Há alterações absolutamente necessárias a fazer de mindset e de práticas para se conseguir tirar partido desta realidade. Muitas delas parecem óbvias mas a verdade é que continuam a acontecer.
Em primeiro lugar os consumidores: não podemos continuar a operar no mercado com o mindset de “donos” das torres e de “donos” dos consumidores. Não somos. Ninguém consome o que queremos, mas sim aquilo que escolhe entre tudo o que oferecemos. O poder de escolha está, há muito e cada vez mais, nas mãos dos consumidores. Sendo assim, a criatividade e a credibilidade são os pontos chaves que conferem confiança ao mercado de media. No meio de tudo o que chega a cada um, é o selo de confiança na marca e aquilo que consegue prender a atenção que vale. Não há dúvida que o negócio é hoje muito mais exigente do que há alguns tempos atrás. E não permite paragens.
Depois o Estado. Mais do que apoios em forma de compras de publicidade ou outra equivalente, o Estado, os governos e quem aprova as leis e as faz cumprir, deve olhar para a economia e para os agentes económicos como aliados, como parceiros, com uma finalidade que é do interesse de todos: crescimento. É preciso atuar em áreas como a fiscalidade e para a burocracia nos processos de licenciamento, especialmente na criação de inovação, de outra forma. O Estado tem de começar a atuar como facilitador e não como adversário que vai colocando obstáculos no caminho da inovação. E deixar de ser avesso a coisas novas. Ou isso ou será muito difícil conseguir cumprir o futuro animador que os consumidores nos prometem garantir.
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