Saber estar calado é uma arte
A pessoa mais barulhenta numa sala de reuniões é a menos inteligente porque não sabe ou não tem a disciplina para se calar. É trágico. Não faça da sua vida uma tragédia.
Espero que concordem comigo quando digo que em Portugal, no geral, as empresas sofrem do síndrome da “reunite”. Infindáveis reuniões, provavelmente sem agenda, com muitos participantes, que não sabem qual o seu papel – é para decidir, opinar, ouvir, reportar… ? – com conversas pouco focadas e objetivas (e muitas vezes até reuniões para preparar outras reuniões). Enfim, um loop louco, infelizmente, muito habitual no mundo corporativo.
Estas reuniões são o palco ideal para algumas pessoas se perderem em enredos “palacianos” alimentados pelo ego das palavras, ou seja, falam muito e gostam de se ouvir. À medida que a reunião se desgasta, o duelo continua com os líderes a atirar palavras (normalmente umas buzzwords) e quem quer ser promovido/conhecido, faz o mesmo. Parecer esperto é fundamental. Falar é fundamental.
Neste contexto, li um artigo muito interessante de Tim Denning, da CNBC & Business Insider, onde comentava que as reuniões deram-lhe uma valiosa lição sobre pessoas sossegadas – que ficou a adorar essas “belíssimas criaturas” silenciosas.
Há realmente sempre umas pessoas mais discretas que nas reuniões dizem pouco ou nada. Agem como uma mosca na parede. A cada reunião ficam mais ricas (de conhecimento) não falando.
Normalmente, a pessoa mais barulhenta na sala não é a mais sénior, não é a mais inteligente e nem a mais brilhante. Segundo Tim, a “centelha” da reunião é a pessoa que não diz nada. Está lá a tomar notas e a prestar atenção ao que se está a passar. Observam o duelo dos egos sem interromper.
Não intervir é ouvir. Ouvir é mudar a vida. Porquê? Quando se ouve, aprende-se. Quando se ouve, as pessoas assumem que sabe o que está a fazer. E adivinhe? Saberão o que estão a fazer se o ouvirem!
Se aprender a não falar nos momentos certos, poderá ouvir as pessoas caladas. E assim pode ouvir o que não está a ser dito. Não há problema em sentar-se em silêncio. Não faz de si um falhado; antes pelo contrário.
O nosso ego força-nos por vezes a falar demais. Se aprendermos a não nos levar tão a sério (há mais 7.999.999.999 pessoas no mundo!) acabaremos por ouvir mais, e por conseguinte, saber mais.
Resumindo, a pessoa mais barulhenta numa sala de reuniões é a menos inteligente porque não sabe ou não tem a disciplina para se calar. É trágico. Não faça da sua vida uma tragédia.
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