Opinião +M
Quando um performer consegue expor a mesma superficialidade que outros reproduzem involuntariamente, talvez o problema não esteja na irreverência da sátira, mas na pobreza de conteúdo que ela revela.
Precisamos de reaprender a pensar com mais curiosidade e menos culpa. Escrevo isto, em primeiro lugar, para mim - e, se servir para mais alguém, terá valido ainda mais a pena.
A indústria está a abordar este momento como se fosse uma questão de sobrevivência. Talvez não o devesse fazer. Estamos, acima de tudo, a falar de evolução.
No fim, a verdadeira transformação começa com uma mudança de mentalidade, porque quem lidera este movimento não é quem grita mais alto, mas quem ouve melhor.
A IA escreve sem hesitar, mas também sem pensar. Não tem contexto, nem ironia, nem nervo. E quando o texto deixa de nascer de uma ideia e passa a ser apenas o resultado de um comando, perde intenção.
Num tempo em que a extrema-direita dita o tema e o tom, Mamdani recusou-se a jogar no campo deles. A estratégia não foi gritar mais alto, foi mudar de idioma.
É o assunto que todos fingem dominar. No meio de tanto entusiasmo e previsões apocalípticas, corremos o risco de banalizar uma das transformações mais profundas da era digital.
Quem se quer fazer notar tem de gritar, e grita cada vez mais, e mais e mais até ficarmos todos surdos - numa versão moderna do pensamento de Gandhi: “olho por olho e o mundo acabará por ficar cego”.
Ah pois é, falhar e falhar melhor, como dizia Samuel Beckett. O criador deve abraçar o processo de pé no acelerador sem desvios, mesmo quando os obstáculos parecem escorregadios ou insuperáveis.
Comece-se por casa. Pelo corpo e alma da marca: as pessoas, as equipas. Porque só nós, equipas, sabemos dar vida ao propósito. E transformá-lo em legado.
A criatividade, a dissonância, o inesperado e o inusitado são inegociáveis. É que os dados ajudam-nos a chegar às pessoas com a melhor mensagem e canal, mas é a criatividade que cria fidelização.
Podemos continuar a tratar marketing e comercial como barcos separados, cada um a puxar para o seu lado. Mas a pergunta que interessa é: a receita da sua empresa está a crescer… ou a estagnar?
A ‘máquina do dinheiro’ precisa de óleo para estar bem afinada, ou seja, regras e ética, mas também agilidade estratégica para saber acompanhar os novos tempos e os novos caminhos do dinheiro.
A forma como escolhemos desenvolver o setor hoje vai determinar se Portugal se mantém uma referência internacional não apenas pelo que oferece, mas também pela maneira responsável como o faz.
Quanto mais modelos criamos para eliminar o acaso, mais visível ele se torna. A IA aproxima-nos de uma previsibilidade quase perfeita, mas o comportamento humano insiste em desafiar a lógica.
Enquanto a política continuar a tratar o cidadão como audiência e não como parte ativa da solução, continuará a ganhar eleições… e a perder eleitores.
A partir daqui, tudo acelera. O Natal está à espreita, os pedidos em modo turbo, os calendários em sobreposição. Mas agora, por um instante, ainda estamos aqui. A pensar. A ouvir. A estruturar.
Os media vivem uma corrida pela atenção e pela relevância. E para quem quer competir nessa estrada, conduzir às cegas é a pior das estratégias. Haja alguém que acenda os faróis, ou que abra os olhos!
A IA terá impacto não só nos consumidores, mas também nas marcas, proprietários, logística, distribuição e na sustentabilidade. Esta será a derradeira experiência em que o ecossistema irá assentar.
A publicidade exterior digital é mais emocionante, criativa, mais contemporânea. Mas enquanto não vier acompanhada de dados fiáveis, continuará a ser isso: uma promessa que pisca, mas não ilumina.
O consumidor é mais do que consumidor: é cidadão, é pessoa, e é nesse equilíbrio que se joga o futuro das marcas.
Perguntar, duvidar, refletir e ouvir o outro não é fraqueza. É defesa. O papel da comunicação não é polarizar - é influenciar.
Nenhuma terra dá eternamente se não souber ouvir o apetite do tempo. A tradição é um património valioso - mas não paga salários nem garante futuro.
Mais perigoso que a má utilização de AI é o uso abusivo, especialmente no Natal, de AE. A autenticidade de discurso parece tirar férias e entram dose fortes de emoções induzidas artificialmente.
Estarão os grupos nacionais de media prontos para criar valor? E se sim, então, está na hora de assumirem realmente os seus objetivos estratégicos.
A política ao ser transformada num campeonato, torna o eleitor num adepto: não quer compreender, quer ganhar. Vamos transformando a democracia num grande estádio, onde a razão é o árbitro mais vaiado.