Ideias +M

Câmara de Oeiras vai repor cartaz contra abusos na Igreja na rotunda de Algés

Carla Borges Ferreira,

Depois de mandado retirar pela Câmara de Oeiras, o cartaz que denuncia abusos sexuais de menores pela Igreja Católica vai ser colocado pela autarquia na rotunda de Algés.

A estrutura de outdoor da Câmara Municipal de Oeiras (CMO) da rotunda de Algés, junto à antiga praça de touros, vai receber entre a noite desta quinta-feira e a manhã de sexta-feira o cartaz sobre abusos na igreja.

A informação foi avançada ao +M/ECO pela autarquia, que chegou ao acordo com a organização que colocou, na noite de terça para quarta-feira, um outdoor em Lisboa, um em Loures e outro em Algés. O de Algés foi retirado horas depois.

“Tivemos conhecimento, através dos órgãos de comunicação social, da vontade da CMO em repor a lona ‘This Is Our Memorial’, cedendo para o efeito uma posição de suporte físico da própria CMO. Sem prejuízo a qualquer outra opinião, ação ou posição pública que possamos ter sobre o ato de remoção em si, julgámos oportuno dialogar com a CMO, representada para o efeito pelo seu vice-presidente, Francisco Rocha Gonçalves. Informaremos de desenvolvimentos advindos deste diálogo em momento oportuno”, diziam por escrito ao final da tarde, em resposta uma série de questões colocadas pelo +M, os promotores da “This is our memorial”.

“O nosso foco mantém-se o mesmo, dar voz às vítimas e quebrar o silêncio das instituições. O importante é passar a mensagem, repondo o cartaz com a maior celeridade possível. Estamos em processo com a CMO para tentar uma resolução célere para o tema, pelo que até esta estar concluída julgamos melhor não fazer mais comentários“.

Francisco Rocha Gonçalves, vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras, garantia durante a tarde desta quinta-feira ao +M que “a questão nunca foi a lona, é o suporte na qual foi colocada“.

Essa ‘associação’ pagou a alguém para pôr um cartaz ilegal. A estrutura já existia, mas é ilegal, não está licenciada. O que o cartaz defende é uma boa ideia, mas tem que ser de forma legal“, reforçava.

Imagine uma empresa colocar um outdoor em espaço público que explora comercialmente. Se não tem licenciamento, trata-se de concorrência desleal”, apontava como primeira questão. Depois, e neste caso, “vende espaço para publicidade a uma associação para falar vítimas de pedofilia. Ora, se for comunicação política ou de interesse público não pagam espaço publicitário”, reforçava o responsável.

Francisco Rocha Gonçalves diz ainda que no dia 18 de julho assinou um edital, informando as empresas que tinham 10 dias para retirar outdoors não licenciados do concelho. “Os 10 dias terminaram ontem, daí ter sido retirado. Hoje já tiramos pelo menos mais dois”, prosseguia, para justificar a ‘coincidência’ da retirada do cartaz.

O autarca pretendia receber esta quinta a organização, dizendo-se disposto a ceder, sem custos, uma posição para a lona numa das cerca de 20 estruturas da CMO. O encontro terá acabado por não acontecer, mas as duas partes terão chegado então a acordo sobre a nova localização do cartaz que denuncia abusos sexuais de menores na Igreja Católica. O cartaz volta, agora de forma legal, ao município que está a alojar cerca de 30 mil peregrinos.

 

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