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Dona da CMTV prepara lançamento de novo canal para concorrer com SIC Notícias e CNN Portugal

Carla Borges Ferreira,

Novo canal tenderá a posicionar-se para concorrer com a SIC Notícias e a CNN Portugal e insere-se na estratégia de expansão do grupo. Agências de meios aguardam, "com expectativa", mais informação.

A Medialivre, nova dona do Correio da Manhã e da CMTV, está a preparar o lançamento de um novo canal de televisão, sabe o +M. A informação não é confirmada pelo grupo, mas estará a ser trabalhada internamente. A ponta do véu foi parcialmente levantada em fevereiro, quando o CEO do grupo, Luís Santana, anunciou no evento Medialivre Top 30 anunciantes a intenção de fazer investimentos em projetos estratégicos, embora sem avançar detalhes.

Já esta semana, a Medialivre inaugurou um novo estúdio de televisão, um espaço com 200 metros quadrados e que permite a criação e utilização de vários sets em simultâneo, com câmaras robotizadas, como revela o Correio do Manhã (CM). O espaço, escreve o título liderado pelo também diretor da CMTV e diretor-geral editorial do grupo, Carlos Rodrigues, foi construído a pensar na noite eleitoral de 10 de março, mas irá também servir o futuro próximo da estação.

“A ideia foi melhorar a capacidade de resposta para as eleições, mas, na verdade, esta é uma infraestrutura fundamental para a Medialivre, porque esta é uma casa de notícias, onde temos uma forma muito simples de enfrentar o mundo: com trabalho. E por isso, com este espaço abrimos novos mundos ao mundo das notícias”, diz no CM.

Com a CMTV registada como canal generalista, o novo canal do grupo tenderá a posicionar-se para concorrer com a SIC Notícias e a CNN Portugal. “O segredo é o posicionamento”, comenta com o +M fonte próxima do processo. E, o posicionamento passará pelo lançamento de um canal premium com capacidade para atrair novos segmentos de público e reforçar a penetração em televisão do grupo que também dono do Jornal de Negócios, do Record e da Sábado.

Embora ainda não exista informação disponível relativamente à tipologia, ao posicionamento, ou o público-alvo, como ressalta Rodrigo Albuquerque, managing partner da Arena Media, o lançamento parece ser uma boa notícia para os anunciantes e agências de meios e o facto de ser lançado pela Medialivre aporta confiança.

Há sempre espaço para projetos de qualidade e inovadores. E tratando-se de um projeto da Medialivre parece-me que isso está assegurado, tendo em conta o histórico de sucesso de outros projetos

Rodrigo Albuquerque

Managing parter da Arena Media

“Penso que é sobretudo uma excelente notícia existirem investidores/empreendedores com coragem e que continuam disponíveis para investir e continuarem a inovar no meio TV em Portugal. Há sempre espaço para projetos de qualidade e inovadores. E tratando-se de um projeto da Medialivre parece-me que isso está assegurado, tendo em conta o histórico de sucesso de outros projetos, pelo que aguardo com muita expectativa”, adianta o responsável da agência de meios do grupo Havas.

Sobre o impacto que o novo canal terá nos restantes, Rodrigo Albuquerque diz que a resposta dependerá muito do posicionamento do novo projeto. Ou seja, será necessário perceber “se será apenas mais um canal de informação, ou se, por outro lado, procurará vir dar resposta a alguma tipologia de procura específica, ocupando um posicionamento novo que possa não estar ainda a ser tão bem explorado pelos canais existentes”.

“Acredito que haverá espaço para que isso possa acontecer. Assistimos neste momento a um consumidor cada vez mais polarizado e a audiências cada vez mais fragmentadas e nesse sentido abrem-se também novas oportunidades”, acrescenta o managing partner da Arena Media.

Ricardo Torres Assunção, secretário-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes, não faz prognósticos sobre existir ou não espaço para o novo projeto. “Essa é uma questão que será respondida pelo mercado e é assim que deve ser, o espaço que o projeto terá depende dele e dos portugueses”, diz, saudando no entanto “a liberdade e a competitividade do mercado em Portugal”.

O aparecimento de mais um operador tem sempre impacto no ecossistema. E vivemos hoje num mundo em que a multiplicidade de plataformas e canais disponíveis para as marcas é de tal ordem, que esse é um dado que não pode deixar de entrar na análise de quem aposta em trazer novidades ao mercado.

Ricardo Torres Assunção

secretário-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes

“O aparecimento de mais um operador tem sempre impacto no ecossistema. E vivemos hoje num mundo em que a multiplicidade de plataformas e canais disponíveis para as marcas é de tal ordem, que esse é um dado que não pode deixar de entrar na análise de quem aposta em trazer novidades ao mercado”, responde o representante dos anunciantes, quando questionado sobre o impacto que o lançamento de mais um canal de informação poderá ter, num segmento que já conta com a SIC Notícias e CNN Portugal (este ano com a estação da Media Capital a vencer nas audiências acumuladas jan/5 de março por duas décimas) e ainda com a RTP3.

Uma coisa é certa, diz Rodrigo Albuquerque, “em democracia, a pluralidade de informação e a existência de um jornalismo livre, independente, transparente e de qualidade são fundamentais, pelo que há sempre espaço para projetos de informação com qualidade, isentos e com capacidade para contribuir para informar e esclarecer os portugueses de forma clara, livre e transparente”.

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