Redes Sociais

Bloqueio do X no Brasil leva ao crescimento de outras redes sociais

Rafael Ascensão,

A maior beneficiada com o bloqueio do X no Brasil é a rede Bluesky, que registou um aumento de dois milhões de utilizadores. Mas também o Threads ou o Rumble tentam aproveitar a espaço deixado livre.

O recente bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil abriu uma porta ao crescimento de outras redes sociais no país que, em abril, figurava como o sexto maior mercado do X, atingindo a marca de cerca de 20 milhões de utilizadores ativos.

O Brasil bloqueou a rede social X tanto na web como através de aplicações móveis, depois do dono da aplicação, Elon Musk, não ter cumprido uma ordem para nomear, no prazo de 24 horas, um representante legal da plataforma no Brasil.

 

Com o X banido, a tendência no Brasil parece estar a passar do pássaro (quando o X ainda era Twitter) para a borboleta, ícone da rede social Bluesky, que é até agora a grande beneficiada do bloqueio. Fundada por Jack Dorsey – cofundador do Twitter -, a plataforma contava apenas com cerca de 6,2 milhões de utilizadores. Mas, com o bloqueio do X no Brasil, a Bluesky registou um aumento de dois milhões de utilizadores, ou seja, cerca de 10% da base de utilizadores que o X tinha no Brasil, segundo o Reason Why.

“Dois milhões de pessoas novas na última semana. Uma calorosa receção para todos”, refere-se numa publicação partilhada pela própria Bluesky na rede social, também disponibilizada em português. Com o aumento exponencial de utilizadores brasileiros, a língua portuguesa ultrapassou mesmo a inglesa, o que motivou uma publicação por parte da Blusky onde dizia que “agora este é um aplicativo brasileiro”.

Foi também registado um aumento de 441% nas pesquisas no Google pela rede social Bluesky, após o X ser banido no Brasil, segundo dados da Hypernode, citados pela Warc.

Já as pesquisas pelo nome “Threads” – rede social lançada pela Meta (dona do Facebook e Instagram) para rivalizar com o X – também quadruplicaram desde 30 de agosto, segundo o Google Trends, tendo a Meta aproveitado para promover a plataforma no Instagram.

O próprio presidente Lula da Silva, que apoiou o bloqueio do X, começou a fazer publicações no Threads, rede que não utilizava desde maio, assim como na sua conta oficial no Bluesky.

Chris Pavlovski, CEO do Rumble, uma plataforma de vídeo que figura como alternativa ao YouTube e que se autodenomina “imune à cultura do cancelamento” – à semelhança do X – também tentou tirar partido do cancelamento da rede social de Elon Musk no Brasil para promover a sua plataforma e a sua visão, ainda que não entre os brasileiros.

É que o Rumble também não está disponível no Brasil, assim como noutros países como a França, Rússia ou China. “As potências mundiais não querem o Rumble, não querem o X, não querem o Telegram e não querem o Truth Social. Elas querem controlar a informação e as nossas empresas não os deixam”, escreveu o Pavlovski. “Se nos quiseres ajudar, junta-te ao Rumble premium e ao X premium. Se crescermos o suficiente, ajudas-nos a mudar o jogo”, acrescenta.

Além disso, houve também um aumento de 434% nas pesquisas por “VPN”. As redes virtuais privadas (tradução da palavra inglesa ‘virtual private network’) visam proteger a privacidade online, ocultando o endereço de IP, e direcionado o tráfego de internet através de um servidor remoto, sendo bastante utilizada para ter acesso a conteúdos que estão bloqueados em determinadas regiões.

A ação que levou à suspensão do X no Brasil, recorde-se, surgiu no âmbito de uma investigação sobre a disseminação de notícias falsas em que a rede social é suspeita de ter cometido crimes de obstrução à justiça, organização criminosa e incitação ao crime, contra a qual Elon Musk, dono do X, se insurgiu, acusando o juiz de destruir a liberdade de expressão “para fins políticos”.

O X ficou suspenso “até que todas as ordens judiciais proferidas nos presentes autos sejam cumpridas, as multas devidamente pagas e seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional”, lia-se na decisão do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Alexandre de Moraes.

O embate entre Alexandre de Moraes e Musk começou há meses após o juiz ter ordenado a remoção de uma série de perfis por alegada desinformação, ordem que Musk recusou acatar, atacando o juiz e acusando-o de censura. Em meados de agosto, a rede social encerrou o escritório que tinha no Brasil.

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