Mais de 120 jornalistas e trabalhadores dos media mortos em 2024
As guerras em Gaza e no Líbano foram responsáveis por 58% dos jornalistas mortos em 2024, tendo sido assassinados 64 profissionais da comunicação social palestinianos, seis libaneses e um sírio.
Cento e vinte e dois jornalistas e trabalhadores dos media foram assassinados em 2024, um dos anos “mais mortíferos” para a profissão, sobretudo devido à situação no Médio Oriente, anunciou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). A 10 de dezembro, um primeiro balanço feito pela IFJ por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos tinha apontado para 104 jornalistas mortos este ano.
A esta lista juntaram-se principalmente as mortes de profissionais no Médio Oriente e no mundo árabe, onde as guerras em Gaza e no Líbano foram responsáveis por 58% de todos os jornalistas mortos em 2024. Concretamente, foram assassinados 64 profissionais da comunicação social palestinianos, seis libaneses e um sírio.
Desde o início da guerra no Médio Oriente, em 7 de outubro de 2023, o número de jornalistas palestinianos mortos subiu para 147, o que converte este país “num dos mais perigosos na história do jornalismo moderno”, refere a FIJ.
A este respeito, o secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger, instou os Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a “tomar medidas para garantir a adoção de uma convenção vinculativa sobre a segurança dos jornalistas”. “Esta convenção teria como objetivo pôr fim às mortes e ferimentos de jornalistas que infelizmente ocorrem todos os anos”, acrescentou Bellanger.
Na Ásia e no Pacífico, a FIJ condenou o assassinato de sete profissionais no Paquistão, cinco no Bangladesh, três na Índia, um no Camboja e um outro nas Filipinas. Além disso, o regime militar em Myanmar continua a perseguir jornalistas (três deles foram mortos este ano), enquanto na Indonésia e no Cazaquistão se registou uma morte em cada.
Em 2024, uma dezena de jornalistas foram mortos em África, principalmente no Sudão, onde seis perderam a vida em consequência da guerra dos generais, que foi particularmente mortífera. Além disso, morreram ainda este ano dois jornalistas somalis, um chadiano e um da República Democrática do Congo.
Nas Américas, a FIJ contabilizou nove mortes, incluindo cinco mexicanos, dois colombianos e dois haitianos. Os jornalistas da região sofreram ameaças, intimidações, sequestros e assassinatos, principalmente por causa das reportagens feitas sobre o tráfico de drogas, que assola o México há mais de duas décadas.
Já na Europa, a guerra na Ucrânia custou a vida a quatro jornalistas este ano, contra 13 em 2022 e quatro em 2023, embora este continue a ser o continente mais seguro do mundo para o setor.
Até à data, a FIJ contabiliza 516 jornalistas na prisão, um aumento acentuado em comparação com 427 em 2023 e 375 em 2022. Com 135 jornalistas detidos, a China continua a ser a maior prisão do mundo para profissionais da comunicação social, à frente de Israel (59 jornalistas palestinianos) e Myanmar (44).
Só na região da Ásia-Pacífico há 254 jornalistas na prisão, à frente da Europa no seu conjunto, com 142, do Médio Oriente e do mundo árabe, com 102, de África, com 17, e da América Latina, com um.
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