Trabalhadores da TiN pedem reunião com Comissão de Credores para dar prioridade a venda de revistas
Os trabalhadores pediram à comissão de trabalhadores "para que se desse prioridade para a análise de propostas de venda de revistas e que essa venda inclua os trabalhadores".
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Trust in News (TiN) disse que os trabalhadores pediram para que se agilizasse uma reunião com a Comissão de Credores para dar prioridade à venda de revistas com estes incluídos.
No plenário, convocado pelo administrador de insolvência da TiN, “os trabalhadores fizeram um pedido” a este e à CT “para que se desse prioridade para a análise de propostas de venda de revistas e que essa venda inclua os trabalhadores“, explicou um dos membros do órgão.
“E é isso que a Comissão de Trabalhadores vai fazer”, adiantou a mesma fonte. O ideal seria que esta reunião aconteça antes da assembleia de credores, que está agendada para 29 de janeiro, referiu.
A Comissão de Credores tem como membros efetivos o Instituto da Segurança Social, Autoridade Tributária, Impresa Publishing, Novo Banco e representante dos trabalhadores. Os CTT e o BCP são membros suplentes desta comissão.
Segundo a CT, já há elementos da Comissão de Credores que estão indicados, mas não estará completo, faltando a Segurança Social. A Comissão de Trabalhadores disse que o administrador de insolvência estava disponível para ajudar a agilizar os contactos com os elementos da Comissão de Credores.
Este plenário, que contou “com mais de 100 trabalhadores”, foi de “esclarecimento”, em que o administrador de insolvência explicou por que não foi possível pagar o salário de dezembro e pediu desculpa às pessoas. O administrador de insolvência falou ainda da possibilidade de haver pagamento de parte dos salários de dezembro até final do mês.
Recorde-se que Luís Delgado apresentou um plano de reestruturação que prevê a suspensão ou venda de oito títulos e o ajuste da periodicidade de mais quatro, o despedimento de cerca de 50 pessoas e o pagamento de 40% da dívida aos credores comuns em 15 anos. André Correia Pais, o administrador de insolvência nomeado pelo tribunal a 4 de dezembro, encarou este plano como “uma proposta de solução“, mas guarda uma opinião mais substancial para o relatório que apresentar ao tribunal, por volta do dia 20 de janeiro.
“Já temos formalizados dois caminhos: o encerramento da atividade ou a votação de um plano de recuperação e eventual aprovação que permita manter a entidade em atividade. Entendo que uma coisa não impede a outra, o facto de não pagar salários, não provoca necessariamente que a empresa entre em liquidação“, explicou ao +M o administrador de insolvência, que mantém a sua opinião de que a empresa deve entrar em liquidação se não conseguir pagar os ordenados aos trabalhadores.
A decisão recairá assim sobre os credores, que analisarão o plano de reestruturação em assembleia, no dia 29 de janeiro.
Os trabalhadores da Trust in News já haviam lamentado que o plano de reestruturação da empresa tenha sido apresentado tão tardiamente, depois de perder a “capacidade de pagar salários” e esperam propostas alternativas.
Segundo tinha dito a delegada sindical Clara Teixeira, “do ponto de vista dos trabalhadores, quaisquer medidas de reestruturação, estas deste plano ou outras quaisquer, fariam todo o sentido há um ano antes de a empresa perder a capacidade de pagar salários”. Para os trabalhadores a expectativa “é que apareçam mais planos de recuperação, que apareçam propostas de compra e que seja possível salvar títulos e salvar postos de trabalho”, disse a jornalista.
O Sindicato dos Jornalistas também defendeu que o plano para a reestruturação da Trust in News veio “demasiado tarde” para o grupo, que ainda poderia ser salvo na totalidade. “Luís Delgado teve todo o tempo para ter um plano. Neste momento já nos parece demasiado tarde“, disse apontou Luís Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ). “Eu espero e creio que até lá haja propostas, até de aquisição“, acrescentou, referindo que podem ser para todas as revistas, a maioria ou apenas algumas.
Ainda antes da apresentação do plano de reestruturação, os trabalhadores já tinham mostrado dúvidas de que Luís Delgado tenha a capacidade de recuperar a empresa. “O que estranhamos é que alguém que geriu a empresa durante sete anos sem conseguir recuperá-la, sem cumprir obrigações fiscais e pagar salários atempadamente tenha agora a intenção de apresentar um plano de recuperação”, disse Clara Teixeira.
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e digital – Visão, Exame, Exame Informática, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Visão História, Caras, Ativa, TV Mais, Visão Júnior, Telenovelas, Caras Decoração, Visão Saúde, Visão Biografia, Visão Surf, This is Portugal, e A Nossa Prima, e ainda um website informativo Holofote -, está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.
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