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Trabalhadores da dona da Visão param dia 7 de fevereiro se não receberem ordenado até lá

Rafael Ascensão,

Se o pagamento do salário e subsídio de refeição de janeiro não for feito até 7 de fevereiro, os trabalhadores reservam "o direito de tomarem a decisão que entenderem para não continuarem a trabalhar"

Os trabalhadores da Trust in News, dona da Visão e outros títulos, deixarão de trabalhar no dia 7 de fevereiro, caso até lá não recebam o salário e subsídio de refeição de janeiro, decidiram esta sexta-feira, em plenário.

Se o pagamento do salário e subsídio de refeição de janeiro não se concretizar até ao próximo dia 7 de fevereiro, os trabalhadores reservam para si o direito de tomarem a decisão que entenderem para não continuarem a trabalhar, nomeadamente a de iniciarem, nesse mesmo dia, o procedimento formal com vista à suspensão, rescisão com justa causa, cessação por acordo dos seus contratos de trabalhos ou à realização de uma greve”, lê-se na resolução aprovada por “ampla maioria” em plenário de trabalhadores, segundo apurou o +M.

Esta decisão surge no mesmo dia em que o grupo efetuou o pagamento dos 80% dos salários de dezembro que estavam em falta.

Também em dívida aos trabalhadores estão outros montantes referentes a um período anterior ao de a empresa ter sido declarada insolvente, nomeadamente seis meses de subsídios de refeição (junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro), o salário de outubro (que só foi recebido por cerca de 58 trabalhadores e o restante consolidado na massa insolvente), o salário de novembro (nenhum trabalhador recebeu), o subsídio de férias (nenhum trabalhador recebeu) e parte subsídio de Natal (uma vez que só foi pago 1/12 a todos os trabalhadores).

Os trabalhadores da TiN manifestam também “a sua perplexidade face ao decidido na assembleia de credores do passado dia 29, que pressupõe a continuidade da empresa sem garantias de pagamento aos trabalhadores, quando estes continuam a ter o equivalente a cinco salários em atraso“.

A assembleia de credores decidiu esta quarta-feira que quer que o plano de reestruturação Luís Delgado, acionista único da empresa, seja apresentado e votado, tendo ficado suspensa a liquidação da empresa.

A Autoridade Tributária e a Segurança Social (os principais credores) votaram a favor da apresentação do plano, enquanto a Impresa se absteve e o Novobanco votou contra, tendo ficado estabelecido que a apresentação do plano de insolvência com recuperação teria de ser apresentado dentro de 30 dias.

O plano apresentado por Luís Delgado, recorde-se, prevê como principais medidas a suspensão ou venda de oito títulos e o ajuste da periodicidade de mais quatro, a redução em cerca de 50 pessoas do quadro de funcionários e o pagamento de 40% da dívida aos credores comuns em 15 anos, com bullet (amortização única) de 60% na 150.ª prestação.

No documento aprovado em plenário, os trabalhadores da TiN “também denunciam os sistemáticos incumprimentos da palavra do acionista único, Luís Delgado, que anunciou várias injeções de capital que nunca foram realizadas”. Delgado, acrescenta o comunicado, comprometeu-se “perante os trabalhadores, credores e a juíza do Tribunal de Comércio”, a fazer uma injeção de capital, “a ser cumprida, na sua tranche inicial, durante a primeira semana de fevereiro”.

“Face ao atual cenário laboral, os trabalhadores exigem ao administrador de insolvência, André Pais, e ao acionista único, Luís Delgado, o pagamento total do salário de janeiro, incluindo o subsídio de refeição“, lê-se ainda no documento.

O Sindicato dos Jornalistas também exigiu esta quinta-feira que a “regularização dos salários na Trust in News (TiN) seja feita o quanto antes“, considerando a situação “absolutamente inadmissível e insustentável”.

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