
BYD Seal U: Um SUV familiar que escolheu ser útil em vez de ser o rei da festa
Espaçoso, funcional e sem estragar o orçamento familiar, este SUV elétrico da chinesa BYD não impressiona na estrada nem no design, mas resolve o essencial sem complicações ou grandes surpresas.
Se há carro que personifica o conceito de “pão com manteiga” no universo dos elétricos, é o BYD SEAL U. Chegou a Portugal com a missão de ser o SUV familiar que ninguém nota no trânsito, mas que cumpre as suas tarefas caseiras: transportar crianças, bagagens e o cão sem dramas.
A BYD, marca chinesa que deu os primeiros passos há 30 anos a fabricar baterias para telemóveis, decidiu há duas décadas que queria “construir sonhos” (literalmente, “Build Your Dreams”). O SEAL U, porém, parece mais interessado em construir rotinas. Com 4,79 metros de comprimento e um espaço interior que acomoda três adolescentes — ou três cadeiras de criança –, este SUV elétrico é o equivalente automóvel a um par de calças de ganga: confortável, versátil, mas com pouco glamour.
Na estrada, o SEAL U revela-se competente, mas monocromático. A versão “Comfort”, com 72 kWh de bateria, oferece 420 quilómetros de autonomia — suficiente para uma ida e volta Lisboa-Peniche, com paragem no regresso na Ericeira para uma degustação de ouriços na tradicional Casa da Fernanda. A suspensão macia neutraliza buracos e lombas, mas nas curvas da estrada costeira, o corpo inclina-se com a elegância de um turista a evitar um pombo na calçada lisboeta. Quem procura prazer de condução terá de se contentar com o modo “Sport”, que basicamente torna o acelerador mais responsivo.
O interior é prático, com bancos em pele vegan e um ecrã tátil de 12,8 polegadas que roda como um tablet de 50 euros do AliExpress. O sistema de infotainment, apesar de incluir Apple CarPlay e Android Auto, é tão intuitivo quanto um manual de instruções em mandarim. Já os 552 litros da bagageira permitem levar casacos, malas e toda a tralha da pequenada sem problemas.
Frente à sua concorrência direta, o SEAL U bate-se bem na hora de pesar a carteira, tanto frente ao Tesla Model Y como ao Volkswagen ID.4, graças a um preço que arranca nos 44.490 euros. Mas a verdade é que a BYD ainda joga na segunda divisão do marketing emocional: enquanto a Tesla vende foguetes para Marte, a marca chinesa oferece um elevador social para quem quer subir ao andar dos elétricos sem hipotecar a casa. Além disso, ainda patina no refinamento: o isolamento acústico é inferior ao dos rivais e o design exterior — apesar das jantes de 19 polegadas — lembra um crossover genérico saído de um catálogo de marca branca.
Apesar disso, é importante não esquecer o lado inovador da BYD que, desde logo, foi pioneira nas baterias de lítio-ferrofosfato (Blade Battery), tecnologia que equipa o SEAL U e promete menos risco de incêndio — algo tranquilizador para pais que já lidam com birras no banco de trás.
O SEAL U revela-se num elétrico que prioriza a funcionalidade sobre o requinte, sendo por isso ideal para famílias que procuram eficiência sem hype.
Quanto à assistência à condução, este SUV elétrico inclui 18 sistemas de segurança, desde o cruise control adaptativo até ao aviso de colisão frontal. Além disso, apresentar detalhes técnicos interessantes, como o carregamento rápido DC (80% em 42 minutos) e o sistema V2L, que permite usar a bateria do carro para alimentar dispositivos externos — ideal para um piquenique elétrico à beira-mar.
O SEAL U não é um carro de extremos, mas de compromissos inteligentes. Destaca-se com a área de espaço interior, sendo capaz de transportar uma família de cinco elementos sem transformar a bagageira (552 litros) num tétris logístico, e com uma autonomia de 420 quilómetros que elimina a ansiedade de carga em viagens mais longas.
A garantia de oito anos da bateria (Blade Battery) funciona como um seguro contra o ceticismo de quem ainda desconfia de marcas emergentes. Já os pontos menos atrativos residem numa condução excessivamente pragmática — suspensão macia neutraliza buracos, mas anula qualquer prazer nas curvas — e num sistema de infotainment que parece ter ficado preso na era pré-streaming, com menus confusos e respostas lentas.
É nesta dicotomia que o SEAL U se revela: um elétrico que prioriza a funcionalidade sobre o requinte, sendo por isso ideal para famílias que procuram eficiência sem hype, mas que acaba por ter o mesmo efeito que um descafeinado: cumpre a função de acordar os sentidos, mas sem o kick da cafeína de uma bica.
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