Viagem de carro até à maternidade ou universidade mostra um país a várias velocidades
Cidadãos de Lisboa e Porto são beneficiados na Saúde, Ensino Superior, Cultura e acesso aos bombeiros, mostra o INE. Os do interior continuam "noutro país", acompanhados pelos do Litoral Alentejano.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou nesta quinta-feira quanto tempo demoram os cidadão das várias regiões do país a chegar a serviços de saúde, educação e cultura, e, sem surpresa, verifica-se a penalização dos que vivem no interior do país, em comparação com os residentes no litoral. Na faixa costeira, nota para o Alentejo Litoral, onde o relógio é penalizador para os cidadãos.
Os estudantes do ensino superior que menos tempo despendem a fazer a ligação de casa para a instituição de ensino são os da Grande Lisboa e Área Metropolitana do Porto, com uma mediana de 6,4 e 8,9 minutos, respetivamente. Por municípios, Lisboa e Porto apresentam ambos 3,1 minutos para chegar, de carro, de casa ao destino.
Pela análise de dados do ano letivo 2023/2024, o INE indica que o tempo mediano nacional no acesso em automóvel ligeiro se cifra em 12,4 minutos, mas em oito municípios é necessária uma viagem superior a uma hora (Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Mogadouro; Pampilhosa da Serra; e Barrancos, Odemira, Santiago do Cacém e Sines). Por regiões, o Alentejo Litoral está na pior situação: 71,4 minutos.
Por outro lado, na Saúde, os dados compilados pelo INE mostram o quão penalizador é, para uma grávida, viver no interior… e no Alentejo Litoral. No cômputo geral, o tempo mediano de acesso por automóvel a serviços de urgência foi de 12,7 minutos, mas quando os estabelecimentos hospitalares dispõem de serviço de maternidade, o tempo eleva-se para 14,4 minutos.
Se na Grande Lisboa a mediana da distância entre a casa e a maternidade se demorava 7,9 minutos, no Alentejo Litoral supera-se uma hora estrada fora: 65,9 minutos.
Já no caso do litoral entre a Península de Setúbal e o Alto Minho, bem como na Grande Lisboa e Área Metropolitana do Porto, a viagem da grávida não chegava a 15 minutos. Exceção nestas regiões à proximidade abaixo do quarto de hora são Mafra, Arouca e Vale de Cambra.
A análise dos números da Saúde obriga, contudo, a levar em conta a alteração de circunstâncias nesta área desde o ano a que respeitam os dados: 2022.
Nestes três anos, surgiu no país um novo panorama de encerramento sucessivos de serviços específicos em vários hospitais do país, e somam-se relatos de mulheres em longas viagens até encontrarem um hospital com o serviço operacional, acabando em dezenas de situações (só este ano) por ter o filho numa ambulância ou até em carro particular.
A análise do INE apontou ainda aos museus e bombeiros. No primeiro caso, o tempo mediano de acesso em automóvel ligeiro foi de 9,5 minutos em 2023, com variações entre 7,1 minutos na Grande Lisboa e 24,9 no Alentejo Litoral. Por municípios, Odemira tem o quadro mais negativo, obrigando a uma viagem de 44,1 minutos.

Já para chegar até um quartel de bombeiros, o tempo mediano a nível nacional foi de 6,7 minutos, segundo dados recolhidos em 2023. A Grande Lisboa é a região com menor tempo de viagem (4,9 minutos) e só na Beira Baixa se demora mais de 10 minutos.
O INE salienta que estes cálculos não têm em conta os fluxos de trânsito, pelo que se devem considerar estes tempos como o limite mínimo.
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