João Paulo Correia acusa Menezes de apresentar “números de conveniência” para atacar gestão PS em Gaia

Gestão socialista de Gaia nos últimos 12 anos fortemente criticada pelo novo Executivo. Vereador João Paulo Correia, que não esteve na Câmara neste período, diz que só comenta números oficiais.

O Partido Socialista não conhece a origem dos números apresentados nesta quinta-feira pelo vereador das Finanças da coligação PSD/IL em Gaia, mas apenas os constantes no relatório relativo às contas do anterior mandato, apresentado na reunião de Câmara de 3 de novembro, por Luís Filipe Menezes, presidente eleito a 12 de outubro.

Apesar de assegurar desconhecer a natureza dos valores apresentados pelo vereador das Finanças, João Paulo Correia, cabeça de lista socialista nas autárquicas e vereador eleito, considera-os “números de conveniência”.

Mesmo dizendo não querer abordar os números indicados pelo Executivo e que apontam para alegadas “contas ruinosas e catastróficas” encontradas na autarquia, o socialista salienta que um compromisso assumido não é obrigatoriamente dívida, exemplificando com um centro de saúde em construção, que é compromisso assumido, mas ainda não se transformou em dívida efetiva.

Depois do ataque desferido pelo Executivo municipal de Luís Filipe Menezes à herança deixada pelo PS em Vila Nova de Gaia, o atual vereador do PS, ex-secretário de Estado da Juventude e Desporto no Governo entre 2022 e 2024, assegura ao ECO/Local Online não ter falado com Eduardo Vítor Rodrigues, presidente durante praticamente 12 anos, nem com Marina Mendes, que passou de vice a presidente quando Eduardo Vítor Rodrigues foi condenado a perda de mandato, em junho deste ano.

Nesta quinta-feira, Fernando Machado, vereador com os pelouros da gestão financeira e património, acusou a gestão socialista de Gaia de um legado financeiro com “contas ruinosas, catastróficas”, com 122 milhões de euros para pagar até final deste mês e um saldo negativo de seis milhões de euros para o orçamento ainda a ser construído.

O vereador socialista, que entre 2013 e 2022 foi presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, em Gaia, diz que não sentiu necessidade de contactar os anteriores presidentes da Câmara por entender ser suficiente ler o documento com as contas intercalares da Câmara, apresentadas no início de novembro por Luís Filipe Menezes – documento decorrente da lei, que determina que um novo Executivo municipal apresente o balanço das contas como as recebeu na tomada de posse.

“Tenho o documento da Câmara de 3 de novembro. Há um mês, as contas eram extremamente positivas. Não havia uma fatura em atraso. O prazo médio de pagamento a fornecedores era de 12 dias e havia 93 milhões de euros na conta bancária e a liquidez aumentou de 230 para 360%”, defende João Paulo Correia.

O socialista afirma que “os números hoje [quinta-feira] apresentados não são oficiais”, considerando como oficial apenas o constante no documento de 3 de novembro.

Não vou comentar números desconhecidos, não fazem parte de relatórios dos serviços, nem de alguma auditoria, não são oficiais. Não posso comentar números desconhecidos”. Correia insiste mesmo que “quem apresentou o documento na reunião de Câmara foi o atual presidente”.

João Paulo Correia não dissocia a reação do Executivo do comunicado lançado pelo PS de Gaia, em que critica o aumento de impostos decidido pelo Executivo.

O clima de tensão entre PS e PSD na autarquia gaiense, exponenciado pelo caso das acusações que levaram à perda de mandato do autarca socialista Eduardo Vítor Rodrigues por crime de peculato – decorrente da utilização da viatura oficial da autarquia para deslocações pessoais da família – ganhou nova dimensão nesta quinta-feira, com a conferência de imprensa do vereador das Finanças, Fernando Machado.

Além da perda de mandato de quem liderou a autarquia desde que Luís Filipe Menezes deixou a presidência, em 2013 – altura em que atingiu o limite de mandatos, recandidatando-se agora em 2025, com vitória sem maioria absoluta –, os socialistas enfrentam ainda um caso de alegada corrupção do ex-vice-presidente de Gaia.

Patrocínio Azevedo esteve já detido durante quase dois anos, sendo um dos arguidos da Operação Babel – no julgamento, que está a decorrer, o Ministério Público pede uma pena de oito a 12 anos de prisão para Patrocínio Azevedo e o advogado deste alega não haver provas de qualquer crime.

Em novembro foi ainda notícia a condenação de Luís Filipe Menezes por difamação a Eduardo Vítor Rodrigues devido a declarações nas redes sociais.

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