A ambição de fazer bom trabalho

Passei anos em agências e tive o enorme privilégio de trabalhar marcas de diversos setores e com isso conhecer vários departamentos de marketing e formas, até filosofias, de trabalho. De há (alguns bons) anos para cá passei para “o cliente” e conheci outras tantas – mais um privilégio.

Ao longo deste caminho profissional encontrei uma característica comum em todas as marcas e agências que produziam bom marketing/boas campanhas – tinham como ambição principal fazer bom trabalho.

Mas esta característica não deveria estar sempre presente? Sim mas tem dois problemas – é frágil e tem que ser o critério mais importante no processo.

É frágil porque, mesmo não querendo, pode facilmente ser destruída numa cadeia de aprovação por exemplo, às vezes até no controlo de budget ou legal, ou podemos ser nós próprios a detoná-la na gestão que somos obrigados a fazer da nossa carreira.

Tem de ser o critério mais importante nas decisões porque se não for acaba por ser substituída por outro tipo de lemas – o melhor sucedâneo que ouvi foi “antes feito que perfeito”.

O lado bom, ou forte, deste atributo é que quando existe e está alinhado entre pessoas, equipas e parceiros pode ser transformador.

Pessoas alinhadas em apenas querer fazer bom trabalho podem ser contagiosas e influenciar tudo à sua volta, desde a sua equipa à própria empresa onde trabalham. Equipas alinhadas podem ultrapassar enormes obstáculos, descomplicam-se processos e a motivação mantém-se mais tempo. E parceiros alinhados podem mudar negócios, marcas e setores.

Quando temos alinhado como principal objetivo fazer o melhor trabalho possível, ou chegar onde ainda não fomos ou onde ninguém foi, a coragem e o arriscar aparecem organicamente mas também, da mesma forma, estamos mais preparados para lidar com o medo e o desconforto que isso pode causar. Quem quer fazer o melhor sabe que é preciso correr riscos e ser corajoso.

Às vezes o bom trabalho apenas precisa de ver a luz do dia para que produza resultados e crie alinhamento.