Da inteligência à criatividade
O que falta para que se derrube o preconceito em que a media se arruma na gaveta das métricas em vez de percebermos que também recorrem à gaveta das ideias? Aceitem o desafio, destruam o preconceito.
Hoje trago um desafio. Um desafio não a mim, mas a todas agências de meios e a todos os profissionais de meios. Um desafio feito aqui para que me acompanhem numa convicção, em que muitos são descrentes. E que demonstrem que essa descrença não tem razões para perdurar.
Eu explico: aqui há uns meses visitei, fora de Portugal, um grupo incrível de agências. Não é uma agência grande, com “sub-agências” agrupadas por disciplinas. Nada disso, é mesmo um aglomerado acionista, com várias agências de várias disciplinas. De publicidade, design, arquitetura, ambientes, redes sociais, conteúdos, até uma agência só especializada em Twitter.
Fui recebido numas instalações igualmente incríveis, uma decoração impressionante, misto de série Dallas dos anos 80 com o Maat de agora. Nas paredes viam-se leões de Cannes, Red Dot’s, Effies, etc. Foi-me explicado que o denominador comum entre todas as agências que ali habitam e que cruzam participações é muito claro e só um: a criatividade. Cada uma daquelas empresas ali a funcionar vive sob o primado máximo da criatividade. E eu acreditei, claro. Tudo o indicava e de facto até trabalhei com uma delas e o resultado foi… incrível!
Mas era uma apresentação de credenciais e eu perguntei algo que me deixou curioso: “e Media, não têm?”. Olhos abriram-se, sorrisos sarcásticos espalharam-se pela mesa. E ouvi a resposta, em tom brincalhão: “mas a media não tem criatividade, pois não?”
Está aqui o desafio!
Ao longo dos anos, nas minhas relações com agências de meios, e também meios, encontrei parceiros com imenso acesso a boa informação. Com ótimo trabalho em tratarem-na e muito conhecimento acerca dos consumidores, até acerca da sociedade e de cidadania. Vi sempre muita inteligência, acumulada e praticada. E como não podia faltar a conversa sobre AI, temos uma nova vaga de ajuda, com ferramentas de AI, que já estão a libertar tempo e esforço para ainda se ter mais capacidade de pensar e atuar.
As equipas de meios são por isso, a meu ver, equipas hábeis em usar conhecimento, inteligentes. Será que com essa inteligência, também podem ser criativos ao serviço das marcas?
Se sim, o que falta então para que se derrube este preconceito em que a media se arruma na gaveta das métricas em vez de percebermos que também recorrem à gaveta das ideias? Eu já vi bons exemplos. Precisamos de mais. E mais. Aceitem o desafio, destruam o preconceito.
PS: o Manuel Barata Simões já não está connosco. Sinto a sua falta e vou sempre tomá-lo com um exemplo máximo de conduta pessoal e profissional nesta vida dedicada às marcas. O Manel era um entusiasta nato, sempre cavalheiro, sempre leal, sempre com um sorriso e sempre pronto a dar a cabeça e dois braços às boas ideias. Enfim, uma pessoa rara. Até sempre.
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