Eu ainda acredito em relações

  • Lúcia Cavaleiro
  • 26 Setembro 2024

A integridade e a transparência são tendências emergentes que estão a moldar o futuro das relações-públicas, mas que, na verdade, e permitam-me a contradição, nunca passaram de moda.

Na nova dinâmica de comunicação, instantânea e global, em que vivemos estaremos a relacionar-nos uns com os outros da melhor forma? Coloco-me essa questão com frequência. Acredito firmemente que existem relações duradouras e bem-sucedidas e que a chave para isso reside na transparência, integridade e fiabilidade com que comunicamos.

Em tempos, li a frase “Todas as pessoas são um teste, uma lição ou um presente”. Fez-me refletir de tal maneira que acabei por adotá-la como mantra orientador no meu dia-a-dia. Dei-lhe um ligeiro toque pessoal e maior amplitude, ajustando-a para “Tudo na vida é um teste, uma lição ou um presente.” Esta filosofia tem guiado a minha abordagem nas relações pessoais e profissionais, onde cada interação é uma oportunidade para aprender, crescer e fortalecer laços. Para perceber como quero relacionar-me e, igualmente importante, como não quero relacionar-me.

A integridade é a base de qualquer relação sólida e a confiança é o pilar central nas relações entre profissionais e stakeholders. A integridade não só constrói confiança, mas também promove um ambiente de respeito mútuo. Quando somos transparentes e honestos nas nossas comunicações – mesmo que nem sempre em concordância, criamos um espaço onde todos se sentem respeitados e ouvidos. A confiança pode trabalhar-se diariamente com hábitos tão simples como partilhar abertamente os desafios e as vitórias, fundamentais para a proximidade e para a criação de lugares de partilha seguros e, acima de tudo, construtivos.

Depois, a capacidade de ser consistente e previsível nas nossas ações e palavras é também crucial. A palavra a reter é fiabilidade. É um dos fatores mais valorizados pelos nossos interlocutores. Ser fiável significa cumprir promessas e ser consistente, o que fortalece a confiança e a lealdade. Um exemplo prático disso em comunicação pode ser a política de resposta a crises. A definição de um protocolo claro e consistente, seguido com rigor e sentido de melhoria contínua que permita responder de forma eficaz, promove a confiança para com os outros mesmo em momentos de dificuldade. Diria mesmo, especialmente em momentos de dificuldade.

A integridade e a transparência são tendências emergentes que estão a moldar o futuro das relações-públicas, mas que, na verdade, e permitam-me a contradição, nunca passaram de moda. Um relatório recente da Chartered Institute of Public Relations (CIPR), que inquiriu mais de 2.000 profissionais, revela que a maioria acredita que a integridade é essencial para o sucesso a longo prazo. Além disso, um estudo da Edelman Trust Barometer de 2024 mostrou que 76% dos inquiridos consideram a transparência como um fator crucial para confiar numa organização. Estes dados sublinham a importância de sermos abertos e honestos nas nossas comunicações.

Sim, gosto de procurar referências e dados em estudos ou relatórios, mas acredito que apenas uma frase – que nos fala de experiências, aprendizagens e conquistas, pode nortear-nos rumo a uma comunicação transparente, íntegra e fiável e ser a chave para construir relações fortes e duradouras. Bastará abordar cada interação com uma mente aberta e um coração sincero. Afinal, ser respeitado é muito mais valioso do que ser apenas aceite.

  • Lúcia Cavaleiro
  • communications & digital manager Tabaqueira e diretora APCE – Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa

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