O mundo ao oɹᴉɐɹʇuoɔ

  • Marlene Gaspar
  • 17 Setembro 2025

A mudança exige novas abordagens, novos hábitos, novas estratégias. Se o mundo parece ao contrário, talvez seja apenas o espelho a pedir-nos outra perspetiva.

O mundo nunca andou tão depressa e, paradoxalmente, nunca pediu tanta calma. A cada minuto, surgem acontecimentos que julgávamos impensáveis: decisões que se contradizem de um dia para o outro, fake news que ganham estatuto de verdade, a polarização que torna o diálogo quase impossível e que se reproduz perigosamente.

Ao refletir sobre este novo mundo, lembro-me do romance Scaramouche de Rafael Sabatini. Já em 1921, o personagem que tanto admiro considerava a humanidade doida, convicta de que o Homem nunca muda. Será mesmo assim? Nesse livro li pela primeira vez a expressão: “Lobo não come Lobo”. Será que não?

No contexto geopolítico, percebemos como as verdades absolutas e as regras de ouro para liderar ou para proteger uma reputação irrepreensível parecem hoje ignoradas — e as consequências, invisíveis.

Diz-se que a comunicação é agora ainda mais importante. Talvez não seja mais do que antes — sempre foi. O que mudou é a velocidade. A história já não demora dias a chegar: surge em tempo real, amplificada por algoritmos, disponível em cada ecrã, repetida em loop. Isso torna-a mais exigente, para quem comunica e para quem consome. A narrativa simples continua a ser a mais eficaz, mas a acessibilidade exige outro rigor na verificação dos factos. Queremos a informação “mastigada”, o que obriga a mais responsabilidade na sua produção e no seu consumo.

Ao mesmo tempo, liderar hoje traz uma vantagem: a legitimidade de não ter resposta para tudo. Dizer “não sei” é aceitável, desde que acompanhado de “vou saber”. Nunca tivemos tantas ferramentas para aprender, testar e experimentar.

É aqui que comunicação e liderança se cruzam com três forças-chave:

  • a capacidade de fazer lobby e gerir a complexidade geopolítica;
  • o talento que atrai e retém pessoas num mercado global competitivo;
  • e a inteligência que nasce da conjugação entre dados, tecnologia e criatividade.

Este triângulo dourado é o que permite às organizações influenciarem, liderarem e reinventarem-se.

Estamos num ponto de inflexão. O sentido de urgência é evidente: quem agir transforma-se; quem hesitar arrisca-se a ficar para trás. Não falamos de cenários distantes — falamos do presente.

Alguns factos confirmam esta mudança. Hoje, mais de 35% das pesquisas online já são respondidas por modelos de linguagem. Isso altera radicalmente a relação entre marcas e públicos. Não basta ser visível: é preciso gerir a forma como a IA interpreta e recomenda. Já não pensamos apenas para pessoas, mas também para máquinas que aprendem. Alinhar narrativas, propósito e ativos digitais com estes modelos é hoje uma questão de reputação.

Nos EUA e na Europa, o investimento em lobby cresceu 13% entre 2024 e 2025. Ah, pois é! A lógica deixou de ser defensiva para ser proativa: antecipar e incidir nas políticas. Os centros de decisão regulam e definem o futuro económico das empresas. Influenciar já não é só representação profissional, mas presença direta, conhecimento político e ação estratégica.

Na comunicação, a disrupção também é clara: 66% das iniciativas de mudança falham e uma das principais razões é a falta de comunicação. Já não chega ter mensagens-chave bem escritas. Precisamos de narrativas adaptáveis, que traduzam a complexidade em conceitos claros e mobilizadores, ao ritmo dos negócios e das expectativas sociais.

O mesmo se aplica aos dados. As empresas perdem até 30% das receitas anuais devido a informação fragmentada. O foco já não é armazenar dados, mas transformá-los em decisões. Integrar inteligência artificial e unificar fontes não é luxo, é sobrevivência.

A incerteza global representa já 6% da receita média perdida. Deixámos de falar em análise contextual para falar em visão global. A interdependência entre o local e o global é incontornável. As crises deixaram de ser pontuais para se tornarem permanentes. Passámos da resiliência para a antifragilidade: não basta resistir, é preciso crescer com a volatilidade.

A comunidade holística fala de cosmos, eclipses e energias em transformação. Não é preciso ir “à bruxa” para perceber que sim: o poder da mudança está no todo — e em cada um de nós. Mas não basta assistir de camarote. “Fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes” é inútil. A mudança exige novas abordagens, novos hábitos, novas estratégias. Se o mundo parece ao contrário, talvez seja apenas o espelho a pedir-nos outra perspetiva.

Não estamos em momento de esperar para ver. A mudança não é sobre o futuro: é sobre o presente. Só quem souber transformar urgência em ação poderá escrever o que vem a seguir. Se o mundo está ao contrário, também temos de contrariar a forma como pensamos, sabemos e agimos. É tempo de decisão — e a comunicação está cá para facilitar essa mudança. Estamos prontos. É uma afirmação convicta e não uma questão.

“Este texto foi revisto e editado com o apoio do ChatGPT, respeitando o estilo e a ortografia definidos pela autora.”

  • Marlene Gaspar
  • Diretora-Geral da LLYC

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