Nova linha pode pôr Braga a 10 minutos de comboio de Guimarães
Secção Norte da Ordem dos Engenheiros defende aposta em duas novas linhas: uma para fechar o "quadrilátero do Minho" e outra para Vila Real e Bragança voltarem a ter o comboio.
O Plano Ferroviário Nacional (PFN) defende a criação de uma nova linha ferroviária que inclua os distritos de Vila Real e de Bragança, e a implementação de um sistema de autocarros articulados do tipo BRT para ligar Guimarães a Braga, Fafe, Felgueiras e Famalicão. A região Norte, contudo, não se conforma e quer uma nova linha para Norte litoral e outra para o Norte interior. As propostas foram apresentadas nesta quarta-feira na secção Norte da Ordem dos Engenheiros.
“O documento peca por falta de ambição e não percebemos qual é o projeto para o território. Dificilmente contribuirá para o reforço da coesão territorial”, lamentou o presidente do Conselho Diretivo da OERN. Bento Aires considerou ainda: “Não me parece cabal pensar numa nova linha sem estar preparada a infraestrutura”.
Em vez de autocarros BRT, há uma proposta para construir uma linha de comboio direta entre Braga e Guimarães, com tempo de viagem máximo de 10 ou de 15 minutos se houver uma estação nas Taipas. Esta ligação sobre carris pode custar 400 ou 450 milhões de euros. Na opção mais barata, é necessário construir um túnel de cerca de 3,2 quilómetros. Na versão mais cara, o túnel terá de ter 4,5 quilómetros.
“Com esta opção, um comboio pode sair de Guimarães, passar pela nova estação de Braga e ir diretamente até Vigo”, sinalizou o autor desta proposta, João Cunha, administrador do portal Portugal Ferroviário.
Se forem acrescentados cerca de 150 milhões de euros, Guimarães pode ficar a menos de uma hora de comboio de Viana do Castelo, com paragem em Barcelos e Braga. O comboio pode ser tão ou mais rápido do que o carro e com custo mais baixo para os passageiros.
A proposta de construção de uma nova linha entre Braga e Guimarães fica a metade do orçamento inicialmente defendido pelo secretário de Estado das Infraestruturas. Em janeiro, Frederico Francisco considerou que a construção desta ligação ferroviária iria custar, “com facilidade”, “muitas centenas de milhões de euros”, podendo atingir os mil milhões de euros. Isso iria dever-se à construção de um túnel de nove quilómetros.
Foi ainda apresentada a proposta para a construção de uma nova linha de comboio na região de Trás-os-Montes, que pode atingir entre 3,5 e 4,4 mil milhões de euros. A Associação Vale d’Ouro defende uma ligação ferroviária Porto-Vila Real em 44 minutos e entre Porto-Bragança em 1h15 (alta velocidade) ou 1h30 (serviço Intercidades). O ponto de partida é o aeroporto Francisco Sá Carneiro e não a estação de Caíde, como pressupõe o PFN. Este estudo também prevê que a ligação Porto-Madrid via Zamora (e não via Salamanca) seja feita em duas horas e 45 minutos.
PPP são “casamento quase perfeito” com a ferrovia
Para haver orçamento suficiente para a construção de novas linhas de comboio será necessário implementar o modelo de parceria público-privada (PPP), defende o economista Miguel Leal de Faria. Este é o modelo que está a ser pensado para a nova linha Porto-Lisboa.
“As PPP têm um casamento quase perfeito com a ferrovia. São investimentos muito significativos em todas as componentes e que têm uma ausência de viabilidade financeira tout court (sem mais). Dificilmente têm receitas que financiem todos os serviços”, sustenta o economista especialista em energia e infraestruturas da consultora Deloitte.
Para a nova vaga de investimentos ferroviários, como a nova linha Porto-Lisboa, o economista prevê que haja um “elevadíssimo nível de subsidiação do projeto“, por conta de fundos europeus não reembolsáveis, como o Connecting Europe Facility, e a subsidiação de projetos que recebam interessa da banca de investimento. No caso da banca de investimento, o reembolso dos empréstimos poderá ser feito “através de pagamentos por disponibilidade próximos dos 40 anos”.
O economista assinalou que para a nova linha Porto-Lisboa poder funcionar a partir de 2030 é necessário iniciar “até ao final deste ano”, o procedimento de contratação pública”, para que o processo depois decorra no prazo de dois anos e as obras possam começar em 2026.
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