Meta ameaça retirar notícias das suas plataformas no Canadá
Em fevereiro a Google também anunciou que estava a realizar ensaios para bloquear o acesso a conteúdos noticiosos no Canadá, como uma potencial resposta à nova lei.
A Meta – empresa detentora do Facebook, Instagram e Whatsapp – pode vir a bloquear as notícias nas suas plataformas no Canadá. Em causa a lei Online News Act, que pretende estabelecer regras de forma a fazer com que as plataformas tecnológicas – como a Meta ou a Google – negoceiem acordos comerciais e repartam dividendos com os meios de comunicação canadianos pelos seus conteúdos.
“Uma estrutura legislativa que nos compele a pagar por links ou conteúdo que nós não publicamos, e que não são a razão pela qual a grande maioria das pessoas usa as nossas plataformas, não é nem sustentável nem viável”, justifica um porta-voz da Meta, citado pela Reuters, justificando assim a possível suspensão das notícias provenientes do Canadá,
Pablo Rodriguez, por parte do governo do Canadá, afirmou que é “desapontante” ver o Facebook a recorrer a ameaças ao invés de optar por “trabalhar em boa-fé” com o governo canadiano e que a proposta de lei em causa não tem nada a ver com a maneira como o Facebook disponibiliza notícias para os cidadãos locais.
“O que estamos a pedir ao Facebook é para negociar acordos justos com os meios de comunicação quando lucra com o seu trabalho“, disse o ministro.
Já em fevereiro, também a Google anunciou que estava a realizar ensaios ao bloquear o acesso a conteúdos noticiosos a alguns utilizadores do Canadá, como uma potencial resposta à nova lei.
O objetivo do governo canadiano com a nova proposta de lei – atualmente a ser analisada pelo senado – passa por equilibrar a divisão das receitas provenientes da publicidade no meio digital, que foram sendo gradualmente absorvidas pelas plataformas em detrimento dos jornais e publicações produtoras dos conteúdos. A medida surge depois de um apelo por parte dos meios de comunicação por uma maior regulação das empresas tecnológicas, de forma a permitir que o setor dos media pudesse recuperar das perdas sofridas ao longo dos anos para os gigantes tecnológicos como a Google ou a Meta.
Também na Austrália já aconteceu uma situação similar, com a aprovação da The News Media Bargaining Code durante uma semana, por parte do governo australiano, lei desenhada para que as grandes plataformas tecnológicas presentes no país fossem obrigadas a pagar aos meios de comunicação locais pelos seus conteúdos. Esta ação levou a que a Meta banisse por completo das suas plataformas os meios de comunicação australianos, de forma a não ter de pagar pelos conteúdos. O boicote durou uma semana.
A Meta forçou assim uma renegociação dos termos da lei.Mais tarde, já com as negociações fechadas, o governo australiano considerou a lei um sucesso, apontando os cerca de 30 acordos comercias estabelecidos entre a Google e a Meta e os meios de comunicação australianos. Hoje são distribuídos anualmente cerca de 200 milhões de dólares (perto de 125 milhões de euros) pelos meios de comunicação locais.
Perante este “ultimato” por parte da detentora do Facebook e Instagram, nos próximos dias ficará a saber-se se a lei canadiana – a ser aprovada – também será renegociada ou se as notícias deixarão de ser disponibilizadas nas plataformas da gigante tecnológica.
Desde 2008, fecharam mais de 450 meios de comunicação nos Canadá, 64 dos quais nos últimos dois anos, segundo a Reuters.
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