Google e Meta apoiaram 6.773 projetos de media em 7 anos
O objetivo principal das empresas tecnológicas com estas iniciativas passa por "colher ganhos políticos e de reputação”, diz o estudo.
Foram 6.773 os meios de comunicação beneficiados pelo Google News Initiative e pelo Facebook Journalism Project entre 2017 e 2023, identificados num estudo conduzido por Charis Papaevangelou, investigador do Instituto do Direito da Informação da Universidade de Amesterdão, em colaboração com o Centro de Media, Tecnologia e Democracia da universidade canadiana de McGill.
Segundo o estudo “Funding Intermediaries: Google and Facebook’s Strategy to Capture Journalism” houve 5.510 meios de comunicação a serem beneficiados com a Google News Initiative e 942 com o Facebook Journalism Project. Já 321 meios receberam dinheiro de ambos os projetos.
O estudo focou-se apenas em ‘programas filantrópicos’ e não contou com aqueles que pagam pelo conteúdo, como o Google News Showcase ou o Facebook News.
A maior quantidade de meios beneficiados encontra-se no continente americano. Nos Estados Unidos- de longe o país que conta com mais meios de comunicação a serem apoiados por estes programas – contam-se 2.203 beneficiários, seguindo-se no ranking o Brasil (424) e o Canadá (339).
Em Portugal foram concedidos 72 apoios.
Já por continentes, a América do Norte (2.842) e a Europa (1.805) amealharam 69% de todo o apoio, enquanto o continente africano apenas recolheu 121 subsídios. Já o continente asiático, o mais populoso, teve 893 meios eleitos, segundo os dados revelados.
Até à data, a Google News Initiative diz ter ajudado mais de sete mil parceiros em mais de 120 países, tendo concedido mais de 300 milhões de dólares (273,4 milhões de euros) em fundos, a nível global.
Segundo Charis Papaevangelou, o objetivo principal dos gigantes tecnológicos com estas iniciativas passa por “colher ganhos políticos e de reputação”, referiu em declarações à Prezz Gazette, adiantando que com a sua pesquisa tentou perceber até que ponto é que estas empresas conseguiram “capturar” os meios de comunicação, deixando-os dependentes dos seus serviços e fundos.
Papaevangelou argumenta que estes apoios assentam numa estratégia de “dividir e conquistar” a indústria do jornalismo, fazendo com que os diferentes meios fiquem dependentes dos seus apoios ao mesmo tempo que estão proibidos de falar uns com os outros sobre os acordos estabelecidos com as empresas tecnológicas. O objetivo? Fazer com que seja mais difícil que os meios de comunicação se unam e lutem por uma mudança regulatória e pela negociação com estas plataformas, defende o investigador.
O autor do estudo defende inclusive que a expressividade de alguns apoios em determinados países estará relacionada com a vontade política de regular as grandes empresas tecnológicas nesses territórios, como acontece no caso do Brasil, onde o grande número de apoios concedidos estará relacionado com a “ameaça” da lei das Fake News, que ameaçou forçar a Google e a Meta a pagar pelas notícias, refere a Press Gazette.
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