Media

“A situação não pode estar assim tão má. Só eu recebi quatro propostas” para compra da Global Media, diz Marco Galinha

Carla Borges Ferreira,

Marco Galinha garante que não voltou a entrar na GM desde que vendeu a sua participação, diz que não conhece ninguém do WOF e mostra-se disposto a voltar ao grupo.

A situação financeira do Global Media Group (GMG) “não pode ser assim tão má”, pois “havia grandes propostas de compra e só eu já recebi quatro propostas”, afirmou na manhã desta terça-feira Marco Galinha, na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no Parlamento, afirmando acreditar numa “solução positiva” para a empresa.

O ex-CEO do grupo, que tem como sócio na empresa Páginas Civilizadas o fundo World Opportunity (WOF), que controla o grupo, diz-se disposto a “voltar e entrar com uma equipa“, se a ERC inibir os direitos patrimoniais do fundo, e que está a ser “acionado um mecanismo” para proteger o grupo do “incumprimento”. Por incumprimento, leia-se, “não transferir o dinheiro”, concretiza.

Os restantes acionistas já terão apresentado “um plano urgente” para resolver a situação, mas ainda não obtiveram resposta, afirmou o empresário, sem entrar em detalhes. “Precisamos de resposta”, diz.

Ouvido durante cerca de duas horas, Marco Galinha repetiu que não conhece ninguém do fundo, não sabe quem é beneficiário último e ficou surpreendido quando a administração executiva foi entregue a José Paulo Fafe, atual CEO. O representante nas negociações foi José Leitão, da MdME, em Macau, revelou. “Foram trocados 600, 700 ou 800 emails” durante o processo que levou à compra, diz.

O fundo estaria comprometido com a reestruturação e investimentos, “mas não em pagar salários“, admitiu já no final na audição, adiantando também que o processo para a venda da participação da Lusa ao Estado estava fechado. “Estava tudo combinado e fechado e de repente caiu. Estou a habituado a acordos empresariais, não políticos”, lamentou, afirmando-se, por diversas vezes, alvo de perseguição. “O importante era mandar o empresário abaixo”, transmitiu em diversas intervenções.

Começando por ler uma declaração, Marco Galinha repetiu também que investiu “cerca de 16 milhões de euros”. “Permitam-me que sublinhe alguns resultados: 16 milhões de investimento, redução da dívida e um EBITDA de dois milhões de euros positivo no início de 2023“, resumiu.

No final do primeiro semestre de 2023, “a empresa estava com boas perspetivas de futuro“, garantiu o empresário, que também repetiu por diversas vezes que não voltou a entrar na empresa desde que cedeu o controlo ao World Opportunity Fund.

“A gestão executiva da empresa passou a ser executada por uma maioria indicada pelo novo investidor” e é “com perplexidade e profunda preocupação que, nas últimas semanas, tenho assistido à falta de paz social na empresa e à desvalorização pública do jornalismo”, referiu.

Marco Galinha aproveitou grande parte das intervenções para criticar a falta de apoio e investimento ao jornalismo e em particular à venda de jornais. “Na Vasp já não levamos os jornais a todos os pontos do país“, disse, referindo não existir capacidade para o fazer e criticando também o facto de alguns quiosques estarem a deixar de vender jornais.

O espólio do grupo foi outro dos temas diversas vezes abordado. “O espólio estava numa garagem nas Torres [de Lisboa]. Estava a levar com fumo dos automóveis e nunca vi ninguém preocupado. O Grupo BEL providenciou um armazém seguro para guardar o espólio, mas foi tudo noticiado ao contrário pela comunicação social“, acusou, repetindo o convite aos deputados para visitarem o espólio.

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