Lima de Carvalho nega ter sido nomeado pelo fundo que controla a Global Media
Administrador diz que "não faz sentido" a afirmação feita por Domingos de Andrade de que teria sido informado em maio da sua entrada no grupo e da sua nomeação pelo World Opportunity Fund.
Paulo Lima de Carvalho, atual administrador do Global Media Group, veio desmentir em comunicado algumas das afirmações feitas por Domingos de Andrade – até setembro administrador do Global Media Group e diretor da TSF – na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. O atual administrador diz que entrou no grupo a convite de Marco Galinha e que não foi nomeado pelo World Opportunity Fund (WOF), conforme afirmou Domingos de Andrade.
“Como esclarecimento inicial, importa referir que a minha nomeação como administrador executivo do Global Media Group se deu a 17 de julho de 2023, após ter aceitado o convite que me foi endereçado pelo sr. Marco Galinha no dia 7 de julho de 2023, dia aliás em que pessoalmente nos conhecemos”, começa por referir o documento endereçado à referida Comissão.
Tendo por base esta premissa, Lima de Carvalho diz que “não faz sentido” a afirmação feita por Domingos de Andrade de que teria sido informado em maio da sua entrada como administrador no grupo e da sua “nomeação pelo fundo“.
“Se existiram pressões? Claro que sim”, disse também Domingos de Andrade quando foi ouvido no Parlamento, exemplificando com um episódio em que o novo administrador, Paulo Lima de Carvalho, terá tentado saber quem aprovou a publicação de uma determinada notícia.
Agora, no esclarecimento que partilhou, Lima de Carvalho refere que na semana de 28 de agosto de 2023 se encontrava nos escritórios do grupo em Lisboa quando foi “alertado por alguém da área comercial do JN da existência de uma notícia online no site da TSF que estava a pôr em causa um produto do JN, no caso concreto, o GP Jornal de Notícias, com uma notícia não verdadeira“, nomeadamente a notícia publicada pela TSF no dia 24 de agosto de 2023 “‘Um escândalo.’ Ciclistas que não recebem prémios desde 2018 ameaçam recorrer à justiça” – artigo que já não se encontra disponível no site da TSF.
“Referia que existiam prémios do GP Jornal de Notícias 2012 por pagar aos ciclistas. O facto desta notícia estar online desde dia 24 de agosto de 2023 levou a que cerca de dois ou três municípios (…) tenham comunicado que queriam cancelar o apoio ao Grande Prémio JN 2023, que decorria de 2 a 10 de setembro, ou seja, daí a três ou quatro dias. Logo, perante este alerta de que, supostamente, a TSF estava a difundir uma notícia errada e que estava a prejudicar diretamente outra marca do grupo, o JN, dirigi-me à redação da TSF e questionei quem lá estava se sabia quem tinha sido a pessoa responsável pela publicação da notícia e se teriam validado internamente os factos que a constituíam“, diz o administrador da Global Media.
“Não obtive qualquer resposta, ninguém tinha conhecimento de quem poderia ter produzido aquela notícia. Contactei o então diretor da TSF Domingos Andrade, também administrador executivo com o pelouro editorial, que me referiu desconhecer igualmente a existência dessa notícia, mas que iria averiguar. Após breves momentos, informou-me que a notícia já não estaria online“, acrescenta Lima de Carvalho na nota de esclarecimento.
Lima de Carvalho diz ainda que “foi com estupefação” que viu associada essa sua intervenção a uma “suposta interferência editorial“, referindo que essa foi a única situação até hoje em que procurou alertar sobre uma notícia errada produzida no Global Media Group, “pelo impacto negativo de uma marca sobre outra”.
“A questão principal que se coloca aqui é a seguinte: devem os gestores proteger as empresas e o crescimento das marcas e, consequentemente do grupo onde operam, num objetivo comum, ou permitir e fomentar que elas se destruam umas as outras com base em notícias falsas?”, questiona no documento.
Já relativamente às ligações de Lima de Carvalho a Luís Bernardo, da WL Partners, alegadas também por Domingos de Andrade – citando a revista Sábado – em que o ex-diretor da TSF referia o cruzamento de interesses entre uma empresa do novo administrador e a WL Partners nos concursos de assessoria para as câmaras municipais, Lima de Carvalho explica que a Sentinelcriterion foi uma empresa criada por si e um amigo, que visava “realizar eventos desportivos e de promoção de bem-estar e de saúde dos participantes e que tinha como objetivo dinamizá-los e promovê-los em sede de organização, comunicação, materiais, publicidade, logística, etc.”.
“Esta empresa, por motivos diversos, nomeadamente o facto de os sócios terem seguido percursos profissionais distintos, acabou por nunca ter uma atividade relevante, tendo sido residual após 2021, e posteriormente cessado a sua atividade“, refere.
“Tal como é conhecido pelo mundo real empresarial, as empresas têm uma vida própria que passa por conseguir negócio e dar lucro, podendo ser por concursos públicos e/ou privados, enviar propostas a diversas entidades, etc., ganhando umas, perdendo outras, pelo que a relação que se tenta estabelecer é descabida“, critica o atual administrador.
Numa carta enviada aos deputados, e à qual o ECO teve acesso, o dono da WLP também já veio esclarecer ter sido convidado pela comissão executiva da Global Media para apresentar um plano estratégico de futuro para o grupo e negou que seja administrador.
“Para que fique totalmente claro, apenas e só a empresa de que sou administrador executivo, a WLP, foi convidada pela atual Comissão Executiva, no âmbito de uma prestação de serviços de consultoria, para apresentar um plano estratégico de futuro para o grupo num quadro de expansão para novos mercados e oportunidade de projetar as marcas, diferentes multiplataformas e potencial digital da GMG, a exemplo do que a WLP fez noutras entidades com resultados reconhecidos e nomeadamente na área dos media”, afirmou Luís Bernardo na carta enviada esta segunda-feira ao presidente da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.
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