Media

Sucesso dos media em 2025 depende de “apoio governamental contínuo”, alerta APImprensa 

Rafael Ascensão,

APImprensa e Plataforma de Media Privados antecipam os principais desafios para 2025.

Cláudia Maia, presidente da APImprensa.

A Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa) espera “consolidar avanços na digitalização e inovação do setor” em 2025, mas realça que o sucesso “depende de apoio governamental contínuo e políticas que promovam a sustentabilidade”. Sem a “intervenção adequada”, Cláudia Maia, presidente da APImprensa, antecipa que “a escassez de publicações poderá agravar-se, particularmente em regiões onde a informação local já é insuficiente”.

Segundo a responsável, a sustentabilidade financeira do setor continua em risco devido à queda nas receitas publicitárias e ao aumento dos custos de produção, pelo que a APImprensa tem promovido junto do poder político “um conjunto de medidas de apoio ao setor”.

E o atual Governo também “já deu sinais de que pretende apoiar a imprensa”, refere, nomeadamente com o Plano de Ação para a Comunicação Social, que “responde a muitas das propostas que têm vindo a ser feitas pela associação”, como o aumento do porte pago, os apoios à modernização tecnológica ou a publicitação dos fundos europeus e das deliberações autárquicas na imprensa local e regional.

Estes apoios são essenciais para enfrentar o que a associação considera um contexto económico desfavorável, que ameaça a viabilidade de muitos editores e a qualidade da informação disponível para os cidadãos. No fundo, são essenciais para garantir que a imprensa continua a desempenhar um papel vital na democracia portuguesa“, diz Cláudia Maia que alerta, no entanto, que “falta concretizar estes incentivos“.

Luís Nazaré, diretor executivo da Plataforma de Media Privados (PMP).

Também Luís Nazaré, diretor executivo da Plataforma de Media Privados (PMP) — que antecipa um 2025 “árduo”, face às “transformações tecnológicas e socioeconómicas, bem como às lacunas na defesa dos princípios da liberdade e do funcionamento justo do mercado” –, considera que “a implementação efetiva das medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social, em todos os seus eixos, poderá mitigar o quadro adverso do atual contexto“.

Para este ano e para os anos seguintes, o responsável antevê ainda uma “mistura” de desafios e oportunidades. Ao nível das “ameaças, cada vez mais intensas”, aponta o “poder abusivo” das plataformas digitais, a “pirataria impune” e as falhas do sistema de regulação.

Já a APImprensa acredita que o setor dos media enfrenta desafios significativos em 2025, nomeadamente ao nível da evolução tecnológica e, em particular, com a inteligência artificial (IA). É nesse sentido que a associação destaca a “urgência de modernizar e adaptar o setor, uma vez que mais de um terço das publicações ainda não têm uma presença digital robusta“.

“Para se manterem competitivos e relevantes, os meios têm de investir em inovação tecnológica e fortalecer a sua presença digital, de forma a captar a atenção de públicos mais jovens e diversificados. A IA apresenta oportunidades para automatizar certas tarefas editoriais, como a curadoria de conteúdos e a personalização de notícias, ainda que coloque também desafios em termos de verificação de factos e combate à desinformação, que se intensifica com as tecnologias de IA generativa“, entende Cláudia Maia.

Neste sentido, além de continuar a trabalhar com o Governo na “discussão de medidas que ajudem a fortalecer a imprensa nacional”, a APImprensa vai trabalhar este ano na “expansão de parcerias com empresas tecnológicas que sirvam as necessidades dos editores e a formação digital dos seus membros, para aproveitarem melhor as ferramentas de IA e as tendências emergentes no consumo de informação”.

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