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Dona do Correio da Manhã avança com despedimento coletivo

+ M,

O Sindicato dos Jornalistas denuncia, "com surpresa e choque", a intenção da Medialivre de proceder a um despedimento coletivo, focado nos fotojornalistas. Empresa confirma corte de 10 empregos.

A Medialivre está para avançar com um despedimento coletivo, focado nos fotojornalistas, visando a redução do número de trabalhadores nos meios do grupo, como os jornais Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios ou a revista Sábado, denuncia o Sindicato de Jornalistas (SJ) esta quarta-feira.

Fonte oficial da Medialivre diz que a empresa recrutou, ao longo dos últimos meses, “mais de 100 novos colaboradores para diversas áreas de desenvolvimento”. “Dentro da boa gestão, vamos reduzir até 10 postos de trabalho, numa área específica onde a empresa tem recursos em excesso para a sua atividade”, refere ainda, adiantando que a empresa conta com 730 trabalhadores.

O sindicato mostra “surpresa e choque”, criticando o dia escolhido para o anúncio. “Não é inocente a afronta feita a todos os que trabalham ao anunciar um despedimento coletivo na véspera do Dia do Trabalhador, que assinala mundialmente para as conquistas laborais do passado, cada vez mais deterioradas. O despedimento de jornalistas é grave o suficiente, ainda por cima num grupo que diz dar lucro, para dispensar a diatribe insultuosa de o comunicar na véspera do 1 de Maio”, lê-se em comunicado.

E, embora “ignorando a data”, o SJ diz-se “chocado pela forma como este despedimento coletivo foi comunicado aos trabalhadores: um facto consumado, sem qualquer hipótese de diálogo, e com pressa em dispensar estas pessoas”.

“Com o concluir de um dito processo de modernização e adaptação da estrutura produtiva (Projeto Alfa), que supostamente implicaria uma tranquila evolução, contando com todos os trabalhadores para o caminho de sucesso ambicionado, agora, sem aviso prévio, já há necessidade de reduzir os quadros”, refere o sindicato, acrescentando que o grupo comunicou despedimentos a “pelo menos a dez trabalhadores”.

Na semana passada, Luís Santana, CEO da Medialivre, enviou um email interno, ao qual o +M teve acesso, onde afirmava que tinha “chegado a hora Alfa”, naquela que é uma “expansão progressiva e incontornável” que “exige novos modelos organizacionais, novas maneiras de trabalhar, novas ferramentas e sobretudo uma cultura de convergência e colaboração para assegurar o crescimento e um futuro sustentável na realidade digital que se vive” na indústria.

O Sindicato de Jornalistas mostra-se ainda surpreendido com a decisão já que o grupo Medialivre, que tem Cristiano Ronaldo como acionista, “é dos poucos em Portugal que, pelo menos, apresenta resultados financeiros positivos”.

“Este procedimento, que vamos contestar por todas as vias, configura mais uma estocada profunda na fotografia, uma linguagem jornalística que está a ser levada à morte por administradores e diretores de empresas de comunicação social em Portugal. Não só se dispensam repórteres fotográficos dos quadros como se contratam cada vez menos serviços a freelancer. Muitas publicações conformam-se a usar fotos de propaganda das assessorias de imprensa de câmaras municipais, clubes de futebol e agências de comunicação, numa perfeitamente clara incompatibilidade entre publicidade, assessoria e o exercício do jornalismo. Outras, exigem fotos de telemóvel a redatores ou imagens amadoras do público”, critica também o sindicato.

No seu comunicado, o SJ apela ainda à mobilização dos jornalistas para que estes se juntem esta quinta-feira ao bloco do Sindicato dos Jornalistas que se realizar uma manifestação em Lisboa, a qual parte às 14h30 da Praça do Martim Moniz.

(Notícia atualizada às 18h54 com declaração da Medialivre)

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