Tribunal suspende trabalhos e adia discussão da insolvência da dona da Visão para 1 de outubro

Lusa, + M,

A assembleia terá sido então suspensa para clarificação da ordem de trabalhos e dar oportunidade para que surjam eventuais propostas para a compra dos títulos.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste adiou esta segunda-feira a assembleia de credores da Trust in News (TiN), dona da Visão, que previa a discussão da liquidação da empresa, para dia 1 de outubro.

O tribunal suspendeu os trabalhos e propôs nova data para a sessão, não tendo sido feita qualquer votação, mediante a apresentação de novas propostas que visam a necessidade de apreciação, como a apresentada por um grupo de jornalistas da Visão, incluindo o diretor, que enviaram uma proposta de autorização para a assembleia de credores iniciar o processo de venda da revista em separado, segundo o pedido a que Lusa teve acesso no domingo.

A assembleia terá sido então suspensa para clarificação da ordem de trabalhos e dar oportunidade para que surjam eventuais propostas para a compra dos outros títulos que ainda estão a chegar às bancas –Ativa, Caras e Telenovelas –, ou mesmo novas propostas pela Visão ou pelo Jornal de Letras, apurou o +M.

Recorde-se que, como foi tornado público no domingo à noite, num documento enviado ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, ao juiz, ao presidente da assembleia de credores e ao administrador de insolvência, “um grupo de jornalistas que tem estado a assegurar a produção da revista Visão” apresentaram uma proposta de autorização da assembleia de credores para iniciar o processo de venda do título.

“A aquisição da referida marca pelos trabalhadores da Visão, que são igualmente credores privilegiados da massa insolvente da Trust in News, visa assegurar a continuidade da atividade editorial daquela publicação semanal, que consegue manter uma tiragem média de cerca de 15 mil exemplares, salvaguardando ainda postos de trabalho e garantindo a valorização deste ativo (e pagamento do respetivo preço) em benefício da massa insolvente”, prosseguem.

Segundo um estudo de viabilidade “solicitado pelos proponentes, a revista Visão, separada do restante património que compõe a massa insolvente, poderá ter viabilidade económica”.

Os trabalhadores da revista “consideram que existe clara vantagem na alienação separada deste elemento integrante da massa insolvente, (…) que necessariamente deve ser feita ao grupo de jornalistas que, nas mais difíceis condições, têm continuado a assegurar a sua publicação semanal, únicos que podem assegurar a continuidade do projeto editorial” da mesma.

Apesar dos salários por pagar e das dificuldades financeiras que têm enfrentado, “os requerentes, em seu nome e no daquele grupo de jornalistas da Visão – que se constituirão em sociedade cooperativa ou por quotas caso esta proposta seja acolhida pela assembleia de credores – estão convictos de estarem a apresentar uma proposta que consideram satisfatória e benéfica para a massa insolvente, tendo em conta a atual situação da revista e da sociedade insolvente a que o título pertence”.

Se esta proposta de venda separada for aceite, dizem, “assegurará alguma liquidez imediata para a massa insolvente, evitando a desvalorização do ativo em causa em leilão ou venda forçada, sendo que o resto do estabelecimento comercial da insolvente poderá prosseguir sem a inclusão do título”.

De acordo com as condições propostas, o valor base é de 40.000 euros ou valor a definir após avaliação por avaliador independente, sendo que a modalidade de venda é negociação particular, de preferência, ou licitação entre interessados. O pagamento será feito com “liquidação de um sinal de 20% no ato da assinatura e do remanescente no prazo máximo de 30 dias”.

Esta assembleia de credores visava a discussão e votação da “tramitação subsequente associada à liquidação do património da insolvente já apresentada no plano de liquidação […], assim como um eventual plano de recuperação global que permita a continuidade da atividade da insolvente e o ressarcimento dos credores por via dos rendimentos gerados por essa atividade, até à venda definitiva do estabelecimento”, lê-se no documento datado de 1 de setembro.

O tribunal também admitiu o recurso interposto pela TiN do despacho de homologação do plano de insolvência.

No dia 08 de agosto, o tribunal suspendeu a comunicação oficiosa do encerramento da atividade da TiN, que tinha sido pedido pelo administrador de insolvência, aguardando informação efetiva deste ou uma eventual deliberação de assembleia de credores.

Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e plataformas digitais, como a Exame, Caras, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais, entre outros.

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