Desejos para o dia 26
Há algo de profundamente libertador no momento em que tudo abranda. Quando os pedidos param de entrar. Quando os alertas se calam. Quando a agenda já não tem mais nada para encaixar.
Não é sobre o Natal. É sobre o que vem depois.
Depois das campanhas emocionais.
Depois dos vídeos com cordas de fundo e closes de mãos dadas.
Depois dos emails com pins, sinos e mensagens de “um ano incrível”.
Depois das apresentações com brilho.
Depois das versões finais (que nunca são).
Depois dos jantares.
Depois das promessas.
No dia 26, sobra o silêncio. E, com sorte, alguma clareza. Porque há algo de profundamente libertador no momento em que tudo abranda. Quando os pedidos param de entrar. Quando os alertas se calam. Quando a agenda já não tem mais nada para encaixar.
É nesse espaço — pequeno, rarefeito, entre o fecho e o recomeço — que moram os verdadeiros desejos:
- Que o tempo volte a ter qualidade, não só urgência.
- Que a estratégia não fique sempre para depois.
- Que a criatividade não precise de gritar para ser ouvida.
- Que os briefings venham com contexto, não só com prazos.
- Que haja espaço para testar, falhar, afinar.
- Que as boas ideias não cheguem sempre à última da hora.
- Que a tecnologia continue a ajudar — mas que nunca nos tire a dúvida, o espanto, a surpresa.
- Que o propósito das marcas não se perca na pressa.
- Que o propósito das pessoas também não.
E que, no meio de tudo, continuemos a gostar disto. Mesmo quando é demasiado. Mesmo quando falha. Mesmo quando já só queremos fechar o computador e não ouvir mais ninguém a dizer “só mais um toque”.
Porque, se estamos aqui no dia 26 — cansados, mas com ideias ainda a mexer — então talvez tenha mesmo valido a pena.
E eu? No dia 26 não peço muito. Só uma tarde sem notificações, uma ideia que ainda me apeteça levar até ao fim — e uma mesa com pessoas que me façam rir. O resto pode esperar até janeiro. Ou até dia 2, vá.
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