Salgado proibido de sair do país e de falar com outros arguidos
O juiz Carlos Alexandre já decidiu as medidas de coação a aplicar ao antigo presidente do Banco Espírito Santo.
Ricardo Salgado está proibido de sair do país sem autorização, além de não poder contactar com os restantes arguidos da Operação Marquês e com algumas pessoas com ligações ao Grupo Espírito Santo. A decisão do juiz Carlos Alexandre foi comunicada esta tarde às redações.
O antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) esteve, esta quarta-feira, a ser ouvido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), tendo sido constituído arguido na Operação Marquês, o caso de corrupção que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates.
Na sequência deste primeiro interrogatório, Salgado foi encaminhado para o Tribunal Central de Instrução Criminal, para ser ouvido por Carlos Alexandre, o juiz encarregue pela Operação Marquês. O Ministério Público pediu depois que Carlos Alexandre aplicasse uma medida de coação mais pesada do que a mínima exigida a quem é constituído arguido (o termo de identidade e residência). Foi isso que o juiz fez.
“O juiz decidiu aplicar ao arguido a medida de coação de proibição de ausência para o estrangeiro sem prévia autorização e de proibição de contactos com os restantes arguidos, bem como com algumas pessoas e entidades com ligações ao Grupo Espírito Santo”, refere o comunicado enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) às redações.
“O arguido foi indiciado por factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada“, acrescenta o comunicado.
Operação Marquês tem de estar fechada em março
No âmbito da Operação Marquês, o DCIAP está a investigar a origem do dinheiro em contas de Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates. As suspeitas são de que grande parte dos 20 milhões de euros depositados nas contas de Santos Silva tenha vindo de sociedades com ligação ao Grupo Espírito Santo.
Ricardo Salgado, que já é arguido em dois outros casos (o Monte Branco e o Universo Espírito Santo), é agora “suspeito de prática de factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada”, refere a PGR.
A investigação da Operação Marquês está agora na fase final. A procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, determinou recentemente que o processo tem de estar concluído até março.
Salgado ficou surpreendido com a decisão
À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, Ricardo Salgado afirmou ter ficado surpreendido com a decisão mas referiu que está disponível para colaborar com a Justiça.
"Eu continuo a colaborar com a Justiça. [Estive] sempre disponível para colaborar com a Justiça desde o primeiro dia.”
Questionado pelos jornalistas sobre se ficou surpreendido com a diligência de hoje, respondeu: “Não deixei de ser surpreendido, mas é claro que é assim. A justiça tem o direito de investigar tudo e nós cá estamos para corresponder”.
“Do ponto de vista do que está aqui em causa não nos surpreende estarmos na ‘Operação Marquês’, porque lemos as notícias. Mas surpreende bastante do ponto de vista dos factos e das provas que o doutor Ricardo Salgado esteja na Operação Marquês, porque, efetivamente, como todos têm percebido, as teses da investigação neste processo atropelam-se uma à outra”, afirmou aos jornalistas o seu defensor, Francisco Proença de Carvalho.
Notícia atualizada pela última vez às 21h24 com as declarações de Ricardo Salgado e de Francisco Proença de Carvalho.
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