Media

Na iminência de ser comprada, Vice pede proteção contra falência

Rafael Ascensão,

Os credores vão avançar com 20 milhões de dólares em dinheiro, de modo a financiar os negócios da Vice durante o processo de venda, que deve demorar entre dois e três meses.

Depois de no início do mês se ter falado de uma possível falência da Vice, o facto consumou-se esta segunda-feira. Segundo o Financial Times, a Vice Media entregou um pedido de proteção contra falência, na expectativa de um acordo de venda a um consórcio de credores. Este inclui o grupo de investimentos Fortress e a gestora de fundos Soros.

A Vice divulgou esta segunda-feira que chegou a acordo para a venda, tendo o consórcio de credores concordado em pagar 225 milhões de dólares (cerca de 207 milhões de euros) em crédito pelos seus ativos.

No entanto, a Vice permanece aberta a ofertas mais altas, revela o FT, acrescentando que os credores vão ainda avançar com 20 milhões de dólares (cerca de 18,4 milhões de dólares) em dinheiro, de modo a financiar os negócios da Vice durante o processo de venda, cuja conclusão está prevista nos próximos dois a três meses.

Em comunicado, citado pelo jornal britânico, Bruce Dixon e Hozefa Lokhandwala, co-CEO’s da Vice, disseram que este processo de venda vai “fortalecer a empresa e posicionar a Vice para um crescimento a longo prazo“.

Se entretanto não aparecer uma proposta melhor, a Vice será assim comprada por este consórcio que também inclui a Monroe Capital.

Em 2017, enquanto se debatia por ter lucros, o Vice Media Group pediu um empréstimo de 250 milhões de dólares (cerca de 230 milhões de euros) ao Fortress Investment Group e Soros Fund Management, encontrando-se em falta com esse empréstimo há meses, revela o The New York Times.

Também nesse ano, uma investigação do NYT expôs casos de assédio sexual na empresa, o que conduziu a uma crise de confiança na administração. Nessa altura, Shane Smith, cedeu o lugar de CEO a Nancy Dubuc, mas esta também não conseguiu tornar a empresa lucrativa, nem conseguiu vendê-la colocá-la em bolsa, acrescenta a publicação norte-americana.

O Vice Media Group cresceu a partir de uma única revista canadiana, fundada em 1994. Ao longo dos anos transformou-se numa empresa global e mais diversificada, incluindo no seu portfólio um estúdio cinematográfico, uma agência de publicidade ou uma série transmitida na HBO.

Depois de ter investido milhões na Vice, a Disney tentou comprar a empresa em 2015 por mais de três mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros), mas sem sucesso, revela o The New York Times.

A Vice acabou por se ver envolvida num mercado “pessimista” para as empresas de media, tentando obter lucros durante alguns anos, mas sempre sem sucesso, refere ainda o jornal norte-americano.

Atualmente, a Vice conta com 35 delegações a nível global e cria 1500 peças diariamente, entre as suas cinco áreas de negócio: a revista digital, a Vice Studios (estúdio de produção de filmes e televisão), a Viceland (um canal de televisão internacional), um departamento de notícias e a Virtue (agência criativa a nível internacional, com 21 escritórios pelo mundo).

A crise parece estar a bater à porta de meios de comunicação que foram “disruptores” e bastante bem avaliados. Recentemente, o BuzzFeed também anunciou o encerramento do BuzzFeed News (e o corte de 15% da sua força de trabalho).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.