Media

Ministro da Cultura rejeita apoios “desenhados à medida” da Global Media

Carla Borges Ferreira,

Ouvido na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, o ministro da Cultura negou algum mecanismo de apoio direto à Global Media, por desvirtuar a concorrência.

Pedro Adão e Silva rejeita a possibilidade de uma intervenção direta na Global Media, para além de um eventual recurso ao fundo de garantia salarial. “É preciso muita prudência nesta matéria. Aquilo que devemos ter é apoios transversais e não desenhados à medida deste grupo“, reforçou na manhã desta quarta-feira na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, onde foi ouvido por requerimento do PCP e do Bloco de Esquerda.

“Que sinal estaríamos a dar os outros grupos? A grupos onde os acionistas são capazes de compensar perdas, ou têm resultados positivos, ou têm resultados positivos apesar de terem dívidas muito significativas, mas que são capazes de pagar e de gerir a dívida que têm? O que é que estávamos a dizer a esses grupos? É um mercado, apesar de tudo concorrencial”, questiona, defendendo que devem ser estudadas soluções transversais de apoio aos media e não pontuais ou baseadas “em métricas”, como aconteceu com o apoio dado na altura da pandemia.

A compra da Lusa da participação da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa, que de acordo com o ministro abortou quando o PSD defendeu em declarações ao ECO que devia ser decidida pelo próximo governo, inseria-se nesse propósito.

O modelo que estaria a ser preparado, e do qual Pedro Adão e Silva terá dado conhecimento já em Agosto ao PSD, PCP e Bloco de Esquerda, incluía a disponibilização do acesso à Lusa gratuitamente para todos os meios de comunicação social, justificando que a assinatura da agência é um recurso “muito” significativo para muitos meios. “Permitiria não apenas reduzir esses custos, mas também ter acesso a um conjunto de serviços que neste momento, grande parte dos órgãos de comunicação social deixaram de subscrever, para poupar”, reforçou.

O Estado propôs pagar cerca de 2,5 milhões de euros, valor ao qual era preciso descontar a dívida da dona do DN e do JN à agência, pelas participações da Global Media e das Páginas Civilizadas na Lusa, concretizou o ministro da Cultura, revelando que era essa a proposta na carta que a Direção-Geral do Tesouro entregou no dia 24 de novembro ao ex-presidente executivo do grupo.

As negociações com a Global Media, sempre com Marco Galinha como interlocutor, tiveram início do 1 de agosto, um dia depois do contacto do então CEO do grupo. Nessa altura a tutela foi informada sobre a entrada do fundo na Global Media.

Ter um fundo das Bahamas como acionista parece-me um problema“, confirmou durante a audição. “Sempre foi dito que a negociação devia ser feita antes da entrada dos novos acionistas” e nunca “como forma de resolver problemas de curto prazo de tesouraria, o que seria insólito“, reforçou perante os deputados, alertando também para o “risco” de vir a existir um acionista “hostil” na Lusa.

Sobre uma intervenção na Global Media, cuja situação diz ver com “a maior das preocupações e também perplexidades”, Pedro Adão e Silva remeteu decisões para a ERC. “Temos uma entidade reguladora e o que precisamos é que essa entidade reguladora seja atuante”, repetiu.

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