Iberifier identifica as tendências dos media para os próximos cinco anos
Segundo o estudo da Iberifier, a inteligência artificial é a grande disrupção tecnológica a curto e médio prazo para todos os setores dos media. Prevê também a afirmação da big data e formato vídeo.
Através de entrevistas a investigadores, diretores e gestores de empresas de media portugueses e espanhóis, o Observatório Ibérico de Media Digitais e da Desinformação (Iberifier) identificou as tendências que vão marcar o setor dos media nos próximos cinco anos em Portugal e Espanha, com o objetivo de “orientar a tomada de decisões de diretores e gestores de empresas de media, decisores políticos e outros atores sociais”.
Entre as várias temáticas, o estudo destaca a integração generalizada da Inteligência Artificial (IA) no ecossistema mediático ibérico, com aplicações extensivas na recolha, produção e distribuição de conteúdos.
“A IA revolucionará os paradigmas da produtividade e da automação de tarefas, criando impacto significativo na otimização dos processos jornalísticos e de negócio. A cocriação de valor na economia de serviços entre múltiplos atores do mercado, incluindo os consumidores, tornar-se-á cada vez mais relevante”, refere-se.
Esta adoção da IA, embora impulsionando uma “mudança radical na produção de media” – com 71% dos gestores a apoiarem planos de formação para implementar a IA no trabalho jornalístico e 43% a duvidarem da capacidade das redações para lidar com estas mudanças – vai impor também “novos desafios éticos e de sustentabilidade”.
Entre os gestores, a grande maioria (94%) acredita que a IA irá “reforçar a experiência do utilizador, personalizando conteúdos e prevendo necessidades”, e alerta para o perigo que esta tecnologia trará em termos de desinformação. Neste sentido, 79% dos inquiridos dizem estar empenhados em promover o desenvolvimento de programas que promovam a literacia mediática.
Por outro lado, mais de metade dos gestores (60%) concordam que a IA vai ajudar a personalizar a experiência do consumidor e 74% dos inquiridos consideram que haverá um crescimento da publicidade programática e interativa nos próximos anos.
Já a big data vai continuar a “afirmar-se como uma ferramenta fundamental para a análise e a geração de conteúdos, sendo um investimento a longo prazo para as empresas que procuram adaptar-se às exigências da economia da atenção”, defende o estudo, enquanto a tecnologia blockchain e conceitos associados (como Web3 e NFT) vão revolucionar as transações online e a propriedade digital, “oferecendo novas oportunidades e modelos de negócio para o setor dos media“.
Na verdade, 75% dos gestores aponta, a curto prazo, para a maior integração de dados no trabalho desenvolvido pelos jornalistas nas redações. Por outro lado, 20% mostra ceticismo no que se refere à colaboração para exploração de dados entre diferentes entidades, como empresas, instituições ou meios de comunicação.
A Iberifier prevê também que as audiências assumam um papel “cada vez mais ativo, exigindo interatividade e personalização no consumo de media”, com novas narrativas a serem apoiadas pela realidade virtual e aumentada, assim como pelo metaverso, pelo que “o jornalismo terá de se diferenciar ainda mais de outros conteúdos e aumentar o rigor ético”.
No entanto, apenas 59% dos entrevistados concorda com o crescimento de experiências imersivas no panorama dos media, enquanto a personalização dos conteúdos recolhe mais aceitação, num total de 73% de respostas positivas.
Em termos de distribuição dos conteúdos, as redes sociais vão ainda aumentar o seu domínio, pelo que os media devem “continuar a adaptar as suas estratégias de comunicação a um contexto de alteração de algoritmos e de saturação de informação, mais radical do que o atual”.
Os gestores vêm ainda como crucial a necessidade de criação de “narrativas simples e visuais adaptadas ao consumo das redes sociais”, destacando a popularidade dos formatos de vídeo curtos, explicativos e verticais (83%) e os de tom mais natural, transparente e acessível (66%). Neste sentido, 84% dos responsáveis pelos media considera que a formação deve privilegiar a produção de formatos audiovisuais.
A iniciativa do Iberifier contou com a colaboração de 71 peritos (30% portugueses) e de 101 diretores e responsáveis de meios de comunicação dos dois países sobre 16 áreas selecionadas (inteligência artificial, IA, verificação e desinformação, big data, formação, novas narrativas, cultura jornalística, organização laboral, audiências, comunicação científica, empresas, negócio e marketing, publicidade, redes sociais, sustentabilidade, blockchain e metaverso).
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