Grupos de media “são os maiores inimigos de si próprios”
Tiago Simões, country manager da Betclic, defende que o desafio dos media devia ser discutido entre grupos. "Enquanto marcas grandes e anunciantes, temos de estar envolvidos na discussão."
A saúde dos media é uma preocupação “gigante” para Tiago Simões. “Sim, acho que os meios de comunicação social conseguem responder” às necessidades dos anunciantes, começa por apontar, mas a sua transformação, até para competir com as plataformas internacionais, constitui “um grande desafio” diz o country manager da Betclic Portugal.
“Estamos a viver um momento no qual o papel da comunicação social é grande, importante e positivo. O momento é muito negativo, mas ainda bem que há jornalistas que nos ajudam a perceber as coisas que se passam para depois podermos avaliar”, realça.
A preocupação tem a ver com a própria democracia e com questões sociais, mas também com o que os media representam para as marcas.
“Precisamos muito desses meios para termos parcerias, para desenvolvermos projetos. Se esses meios não existirem… Acho que também temos de perceber a nossa dimensão à escala de um Netflix, de um Max ou de uma Amazon. É muito pequena. A disponibilidade para se relacionarem com as maiores marcas a operar em Portugal vai ser muito baixa”, concretiza.
O desafio dos media, defende, é também um desafio dos anunciantes. “Enquanto marcas grandes e anunciantes, temos de estar envolvidos na discussão de uma solução, que precisamos de encontrar”, diz. Se estão? “Queremos estar, mas não existe uma discussão ainda estruturada, centralizada, organizada. Aí os grupos são os maiores inimigos de si próprios”, atira.
Enquanto marcas grandes e anunciantes, temos que estar envolvidos na discussão de uma solução, que precisamos de encontrar.
“Devia-se discutir isto de uma forma organizada, pública e concertada entre todos, Mas, tal como existe nas indústrias grandes em que tenho estado, às vezes, há alguma dificuldade em falar-se com a concorrência. Mas, como neste caso é para a sobrevivência da indústria, parece-me central que isso aconteça”, defende o também ex presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes.
Tiago Simões defende uma espécie de joint venture dos grupos de comunicação em Portugal. “Aquilo que me parece mais óbvio é juntarem-se, para haver uma central de conteúdos portugueses, para que eu pague X por mês e possa ter acesso ao ECO, ao Observador, ao Público e ao Expresso”, dá como exemplo. “Se calhar haver também algum apoio estatal um bocadinho mais independente, através, por exemplo, do financiamento dessa mensalidade para jovens”, acrescenta.
“Para que continue haver jornalismo e dinheiro para os jornalistas e, no caso, os anunciantes — que é o que nos traz aqui –, para conseguirmos ter parceiros, para construirmos projetos editoriais e branded content e chegarmos às pessoas de uma forma diferente”, “acho que a indústria se devia organizar para pensar isto de uma forma mais profunda”, reforça em entrevista ao +M.
A estratégia da Betclic Portugal, a importância da criatividade no negócio ou a relação com as agências são outros dos temas abordados e aos quais pode assistir na íntegra no vídeo.
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