JN e TSF têm novos donos. Galinha retoma controlo da Global Media e Estado reforça na Lusa
Chegou ao fim o impasse na Global Media. JN e TSF têm novos donos, Marco Galinha recupera o controle dos ativos que permanecem na Global Media e Estado reforça na Lusa.
É oficial. O Global Media Group, como o conhecíamos, já não existe. O Jornal de Notícias, Jornal de Notícias História, sites NTV e Delas, Notícias Magazine, O Jogo, Volta ao Mundo, Evasões e também a TSF têm novos donos, a Notícias Ilimitadas, liderada por Domingos de Andrade, e na Global Media fica o Diário de Notícias, Açoriano Oriental, a Men’s Health e Women’s Health e o Dinheiro Vivo, que deverá assumir um novo formato.
O novo grupo absorveu cerca de 190 trabalhadores dos títulos que compra, aos quais se juntam os 68 funcionários da TSF. No caso da rádio, será comprada a empresa (90%) e não a marca, pelo que todos os trabalhadores transitam para a nova entidade, que terá um total de 267 funcionários.
A Ilíria, do empresário Alexandre Bobone, é a maior acionista individual da nova empresa, com 35%, após ter comprado a participação de 25% da OTI investimentos, do empresário Diogo Freitas, que começou, já em janeiro, por ser o rosto da nova solução para a Global Media. Segue-se a Parsoc, com 30%, Domingos de Andrade (20%) e a Mesosytem (15%). A Notícias Ilimitadas terá também uma participação dos atuais donos da Global Media, que ficam com 30%, sendo os restantes 9% de uma cooperativa de jornalistas a ser constituída.
A liderança da Notícias Ilimitadas será de Domingos de Andrade, desempenhará as funções de administrador executivo da empresa, como avançou o +M em junho. A administração da nova estrutura terá também um representante da Global Media, sendo os restantes três indicados pelo consórcio fundador do novo grupo.
O memorando de entendimento com vista a esta solução foi assinado no início de fevereiro, já com a TSF na esfera da Notícias Ilimitadas, ficando também definido que Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Kevin Ho, que em conjunto detêm 74,45% do Global Media Group, permanecem ligados à nova sociedade, que ficará com 90% da TSF, estação que o grupo segurou por mais dois milhões de euros.
Do lado da Global Media fica o Diário de Notícias, o Açoriano Oriental, as revistas Men’s Health e Women’s Health e a marca Dinheiro Vivo, que poderá assumir outro formato e deixar de assegurar as secções de economia do JN e do DN.
A liderança do grupo é de Vítor Coutinho, que acumula os pelouros financeiro e recursos humanos, património, serviços gerais e Direção de Documentação e Informação. Diogo Queiroz de Andrade, administrador e vogal, assume os pelouros editorial, digital e inovação, DTSI — Direção de Tecnologias e Sistemas de Informação, Global Imagens e comunicação institucional e, desde o final de abril, Mafalda Campos Forte, com o pelouro comercial.
A saída do WOF e a venda da Lusa
A conclusão da venda dos títulos da Global Media abriu as portas à saída do World Opportunity Fund (WOF) da Páginas Civilizadas e, por sua vez, à venda das participações desta empresa e também da Global Media na Lusa. Como +M avançou no dia 18, o Governo estava a aguardar que o World Opportunity Fund (WOF) estivesse fora da Páginas Civilizadas, e por esta via do Global Media Group, para efetivar a compra das participações de 22,35% e de 23,36% destas duas empresas na Lusa.
O acordo de princípio já teria sido alcançado, por um valor ligeiramente abaixo dos 2,6 euros por ação previsto em novembro – o que somaria cerca de 2,53 milhões –, mas a sua formalização só teria lugar quando o fundo que ainda detém 51% do capital social da Páginas Civilizadas, que por esta via detém uma participação indireta de 25,63% no grupo ainda dono do Jornal de Notícias e da TSF, saísse do capital da empresa.
A compra da participação do WOF, que permitirá a Marco Galinha voltar a controlar a totalidade do capital da Páginas Civilizadas, estaria por sua vez dependente da concretização da venda da TSF, do Jornal de Notícia e do Jogo, com a três operações a dar-se quase em simultâneo.
O Estado estará então em vias de reforçar a sua presença na agência de notícias da qual já é, recorde-se, o acionista maioritário, com 50,15%.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, tinha avançado, há cerca de um mês, que considerava a compra das ações da Lusa detidas pela Global Media Group (GMG) “uma prioridade absoluta”, mas alertava que o Estado “não pode pagar mais do que o preço justo”.
As declarações do ministro começaram por ser citadas num comunicado do Sindicato de Jornalistas, que reuniu com o governante numa audiência pedida a propósito dos atrasos nos pagamentos aos trabalhadores a recibos verdes do GMG. Com a conclusão do negócio, também a Global Media estará em condições de regularizar o pagamento em atraso aos colaboradores a recibos verdes. Nos últimos meses, recorde-se, a Notícias Ilimitadas tem vindo a adiantar à Global Media o montante destinado ao pagamento de ordenados.
A título de curiosidade, fez precisamente em julho um ano Marco Galinha, passou a deter 50,2% da Global Media, através de um aumento de capital de 1,5 milhões de euros. Em setembro entrou em funções a administração liderada por José Paulo Fafe, já indicado pelo World Opportuny Fund, saindo Domingos de Andrade, que tinha sido nomeado administrador em fevereiro de 2021, quando Marco Galinha assumiu a presidência do conselho de administração do grupo.
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