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Media Capital entra na guerra pelo controlo da Cofina

Carla Borges Ferreira,

O grupo liderado por Mário Ferreira quer avançar para a compra da Cofina e, em comunicado enviado à CMVM, diz-se disposto a oferecer mais de 75 milhões, o valor do MBO liderado por Luís Santana.

A Media Capital mantém o interesse na compra da Cofina CFN 6,56% . Em comunicado, o grupo “assume o compromisso de participar no processo de alienação do referido ativo que venha a ser promovido pela Cofina, organizado em modelo de leilão ou outro, e desde que pautado por regras objetivas e transparentes, mediante a apresentação de uma proposta que atribui à Cofina Media um entreprise value superior a 75 milhões de euros”, diz na informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Setenta e cinco milhões de euros, recorde-se, foi a avaliação da Cofina prevista na oferta formalizada no final de junho pelo grupo de investidores liderado pelos administradores da empresa, e que tem Cristiano Ronaldo como um dos principais acionistas, como revelou o ECO/+M.

“A Cofina Media confirmou esta sexta-feira à noite ter recebido a 27 e 28 de junho uma “oferta vinculativa e uma oferta vinculativa revista, respetivamente”, para a aquisição da totalidade do capital, subscrita pelos administradores da empresa, Ana Dias e Luís Santana, e por Octávio Ribeiro, ex-diretor do Correio da Manhã, “a quem se juntará um conjunto de investidores não identificados”, dizia o grupo liderado por Paulo Fernandes também em comunicado enviado à CMVM na noite de 30 de junho.

A proposta prevê um preço calculado considerando um enterprise value de 75 milhões de euros, sujeito a condições e ajustamentos”, adiantava o comunicado.

O grupo liderado por Luís Santana tinha proposto um prazo de cinco dias para a avaliação da proposta, o que foi negado. “Na presente data, a Cofina encontra-se numa fase preliminar de avaliação da proposta e do preço oferecido, tendo já comunicado aos proponentes que o prazo de cinco dias úteis por estes proposto para decisão da Cofina revela-se insuficiente”, prosseguia o grupo, que solicitou um “prazo de 60 dias prorrogáveis unilateralmente tendo em conta critérios de razoabilidade e na medida do necessário”.

No rescaldo destas informações, as ações da Cofina estiveram a disparar 17,99% na bolsa de Lisboa esta terça-feira, para 44,6 cêntimos. As negociações já estiveram interrompidas momentaneamente devido ao mecanismo de segurança da bolsa que é acionado quando há grande volatilidade.

Ações da Cofina na bolsa de Lisboa

O management buy out no grupo dono do Correio da Manhã, Sábado, Record e Jornal de Negócios foi confirmado por Luís Santana no final de maio. “Eu e um conjunto de quadros da Cofina Media, estamos a preparar um management buy out, que planeamos apresentar oportunamente ao acionista da empresa, com o qual não temos mantido qualquer tipo de negociações”, afirmava em declaração enviada aos media no dia 30 de maio.

“A equipa tem um conhecimento profundo da Cofina Media, um projeto vencedor, credível e independente. A motivação para esta operação passa pelo desenvolvimento do seu modelo de negócio, ao mesmo tempo que se garante a sua independência, pois entendemos que um projeto jornalístico só o é se for independente”, prossegue o responsável.

O +M/ECO tinha avançado no dia anterior que o antigo diretor do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, e Luís Santana, administrador da Cofina, estariam a preparar uma operação de MBO para garantir o controlo acionista do grupo.

A Cofina, recorde-se, teve um resultado líquido de 10,451 milhões de euros, um EBITDA operacional de 13,6 milhões de euros e um EBITDA de 8,9 milhões de euros.

Os contactos entre a Media Capital e a Cofina para a compra do grupo foram oficializados no início de março. Sem confirmarem negociações diretas, a Cofina e a Media Capital sinalizam na altura que poderá haver, mesmo, processos de consolidação de grupos de media em curso.

A Cofina emitia na altura um comunicado dando nota da ocorrência de “abordagens preliminares por diversos assessores externos, com vista a encetar possíveis negociações, que estão a ser objeto de análise pela sociedade,” com vista à concretização do negócio avançado pelo Observador, sublinhando que a sua administração “avalia em permanência todas as oportunidades de negócio que possam valorizar os seus ativos, numa perspetiva de compra ou de venda.”

Pouco depois foi a vez da Media Capital emitir um comunicado, dando nota de que “não existe nenhuma informação privilegiada de que devesse ter sido dado conhecimento ao mercado ou cuja divulgação tenha sido objeto de diferimento nos termos legais consentidos.”

Já no final de maio do CEO da Media Capital, Pedro Morais Leitão, dizia em entrevista à Lusa que a compra da Cofina era “um tema abstrato”. “Tudo depende da Cofina”, afirmava.

Se eu me sento com a Cofina? Não, não me sentei com a Cofina nunca. Desde que entrei aqui nunca me sentei com a Cofina”, afirmou o gestor, que cumpre um ano na liderança executiva da Media Capital em julho.

Ao que o +M/ECO sabem, a Cofina terá entretanto sinalizado à Media Capital que o negócio não avançaria e que estava em curso uma operação de MBO, o que se veio a confirmar no final de junho. O processo sofre agora nova reviravolta, quatro anos após a Prisa ter firmado um acordo com a Cofina para a compra da Media Capital.

Pedro Miguel Matos Borges de Oliveira (10,02%), Domingos José Vieira de Matos (12,09%), Paulo Jorge dos Santos Fernandes (13,88%), João Manuel Matos Borges de Oliveira (15,01%) e Ana Rebelo Carvalho Menéres de Mendonça (19,98%) constituem o núcleo acionista da Cofina e, em conjunto, detém 70,98% do grupo dono da Cofina Media.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h58)

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