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Tribunal aprova acesso de dona da Visão a PER

Carla Borges Ferreira,

"Enfrentamos grandes desafios financeiros, acreditamos que somos viáveis economicamente – só assim é possível aderir ao PER", afirma Luís Delgado. O tribunal despachou favoravelmente o pedido.

O Juízo do Comércio de Sinta deu luz verde ao acesso da Trust in News (TiN), dona da Visão e da Exame, ao Plano Especial de Revitalização (PER) submetido na semana passada, sabe o +M. Bruno Costa Pereira é o administrador nomeado pelo tribunal para conduzir o processo, que no imediato suspende o pagamento de dívidas e levará a uma negociação com todos os credores.

Enfrentamos grandes desafios financeiros, acreditamos que somos viáveis economicamente – só assim é possível aderir ao PER – e isso dá-nos a oportunidade de manter e acelerar a reestruturação interna, reorganizar as nossas finanças e superar as dificuldades”, afirma Luís Delgado, dono do grupo, num comunicado ao qual o +M teve acesso.

A administração do grupo, formado no início de 2018 para ficar com os títulos da então Impresa Publishing, explica que “sem utilizar este instrumento de gestão, nesta fase, e tendo em conta o esforço de tesouraria necessário para cumprir as obrigações básicas, como ordenados, subsídios, produção de revistas, e outros tantos fornecimentos estratégicos, a empresa ficaria rapidamente paralisada“.

A adesão ao PER possibilita então, através do administrador judicial, “negociar diretamente com os credores soluções que beneficiem ambas as partes“, o que inclui “a possibilidade de redução de dívidas, juros, moras, e garante prazos de pagamento flexíveis“.

Permite também, lista o comunicado, “manter todas as nossas operações e, consequentemente, preservar os empregos dos nossos colaboradores. Valorizamos cada membro da nossa equipa e estamos comprometidos em mantê-los“.

“Com o PER, a empresa continuará a produzir e oferecer todos os produtos e serviços aos seus clientes e leitores. O mercado tem uma perceção correta do objetivo de um PER, que sumariamente congela e reestrutura todas as dívidas, impede qualquer possibilidade dos credores avançarem com processos, execuções ou outros meios, e permite à empresas aceder a todos os seus meios financeiros para ter tempo de acabar a reestruturação”, resume.

Estamos confiantes de que esta decisão é a melhor para a TIN, neste momento, e também para todos os seus trabalhadores, colaboradores, fornecedores e credores. Conto convosco e com o vosso apoio neste processo e juntos, com certeza, vamos ultrapassar estas dificuldades e desafios”, termina Luís Delgado.

“Este instrumento de gestão foi pedido após uma análise cuidadosa da nossa situação financeira, com o objetivo de garantir a sustentabilidade e estabilidade a curto e longo prazo”, lia-se no email enviado na noite de terça-feira a todos os colaboradores do grupo e ao qual o +M também teve acesso.

O Expresso tinha revelado na última semana que Luís Delgado enviou um outro email aos trabalhadores a pedir desculpa pelos salários em atraso no grupo. “Quero dizer-vos que estou totalmente focado em garantir o sucesso da reestruturação, a todos os níveis, e determinado a usar todos os instrumentos de gestão para estabilizar a situação crítica que vivemos. O ano 2024 arrancou mal, é verdade, e vocês estão a sofrer diretamente esse impacto – que é insustentável e inaceitável – mas não vamos desistir nem desertar”, afirmou nessa mensagem. Os salários em atraso da TIN, uma empresa unipessoal de Luís Delgado, repetem-se, depois de o mesmo ter sucedido em outubro e novembro do ano passado. O pedido de PER será uma das medidas imediatas.

Entretanto, garante fonte próxima do processo ao +M, os ordenados que ainda estão em atraso de abril serão pagos até ao final da semana. Também até sexta-feira serão pagos todos os subsídios de refeição e “mais de metade” dos ordenados de maio. O pagamento dos vencimentos começará a ser feito pelos ordenados mais baixos.

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