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Bruxelas deixa comissário francês sozinho nos avisos a Elon Musk

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Bruxelas parece ter tirado o tapete a Thierry Breton, com a Comissão Europeia a negar que a carta enviada a Elon Musk tenha tido a aprovação de Ursula von der Leyen ou dos outros comissários.

Bruxelas afastou-se do comissário francês Thierry Breton, que enviou uma carta a Elon Musk, onde recordava que o dono do X (ex-Twitter) tinha obrigações legais a cumprir. A carta foi enviada horas antes de o magnata ter entrevistado Donald Trump em direto na rede social.

Na carta, o comissário europeu diz que Musk tem a “obrigação legal” de garantir que “todas as medidas de mitigação proporcionais e eficazes sejam postas em prática em relação à amplificação de conteúdo prejudicial em conexão com eventos relevantes, incluindo transmissão ao vivo”.

Brenton acrescentou que o não cumprimento destas medidas pode “aumentar o perfil de risco da rede social X e gerar efeitos prejudiciais no discurso cívico e na segurança pública”.

No entanto, Bruxelas parece ter tirado o tapete a Breton, com a Comissão Europeia a negar que a carta tenha tido a aprovação da presidente Ursula von der Leyen. “O momento e a formulação da carta não foram coordenados nem acordados com a presidente nem com os [comissários]”, cita o Financial Times.

Segundo fontes próximas de Breton, o envio da carta já estava a ser planeado há algum tempo, pelo que a entrevista de Musk a Donald Trump funcionou como gatilho para o envio da missiva. A entrevista em direto, cuja transmissão estava agendada para as 01h00 portuguesas, acabou por começar com um atraso de 45 minutos.

Segundo Elon Musk, este atraso deveu-se a um “ataque cibernético maciço”, tendo a plataforma sido alvo de um ataque destinado a sobrecarregar os servidores da empresa e provocar uma interrupção. Eram mais de 300 mil os utilizadores que estavam inicialmente a tentar seguir em direto.

Por parte do ex-presidente e atual candidato presidencial norte-americano, ainda sobre a carta enviada por Breton, um porta-voz da campanha disse que “a União Europeia deveria cuidar da própria vida em vez de tentar interferir na eleição presidencial dos EUA”.

Esta não é a primeira vez que Thierry Breton se dirige e “ataca” Musk. Já em outubro, por exemplo, o dono do X viu-lhe ser dirigida uma “carta urgente” pelo comissário europeu Thierry Breton que disse ter indicações de que a plataforma estava a ser usada para disseminar na Europa “conteúdo ilegal” e desinformação sobre a guerra entre o Hamas e Israel.

Isto aconteceu já depois de o X (ainda como Twitter) ter abandonado o Código de Conduta em Matéria de Desinformação – um código voluntário promovido pela União Europeia – o que levou também o comissário europeu Thierry Breton a usar a sua própria rede social para avisar que a plataforma tinha obrigações legais de combater a desinformação.

“Podes correr, mas não te podes esconder”, escreveu o comissário, afirmando que além dos compromissos voluntários, o combate à desinformação iria passar a ser uma obrigação legal através da lei dos serviços digitais, que entrou em vigor entretanto.

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