Delta lança novo “Impossible coffee”. Quer apoiar empreendedoras angolanas
Fruto da "coragem, resiliência e força de vontade" de 12 mulheres angolanas, o novo lote de café já está disponível nas Delta Coffee House Experience e lojas online.
Após um “ano muito bom” para o grupo, a Delta lançou “O café coragem das mulheres de Angola”, uma nova edição dos “Impossible Coffee” feita com café produzido na zona de Amboim, em Angola. Esta aposta, feita em parceria com a Associação das Mulheres Empreendedoras de Porto Amboim, na província do Cuanza Sul, presta tributo à “coragem das mulheres de Angola” e ao “café produzido no feminino”, disse Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta, no evento de apresentação esta quarta-feira, na Delta The Coffee House Experience da Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Este novo lote de café “é fruto de coragem, resiliência e força de vontade”, de 12 mulheres “que souberam acreditar que era possível terem mão no seu próprio destino”, pelo que o mesmo funciona como “homenagem a estas mulheres que souberam não desistir e manter vivo o cultivo de café quando este estava ameaçado”, explicou.
Para além da aquisição deste café “a preços justos”, a Delta vai também doar 20% da faturação decorrente da sua comercialização, com o objetivo de ajudar estas 12 mulheres a tornar possível a sua ambição de possuírem uma plantação de café de um hectare de dimensão e de produzirem uma tonelada de café por ano.
Segundo disse Rui Miguel Nabeiro, a Delta está também “empenhada em contribuir para a revitalização da fileira do café angolano, porque é um café único no mundo, garantindo que os agricultores não abandonam as suas terras e continuam a produzir, com apoio técnico, financeiro, logístico e em formação, para que todos os anos tenham mais café que no ano anterior”. Conta para isso com uma parceria com o Instituto Nacional de Café de Angola (INCA).
Depois de já contar com lotes provenientes de São Tomé e Príncipe e dos Açores, o projeto de empreendedorismo Impossible Coffees — que resulta numa “seleção única de cafés raros, provenientes de microproduções de várias partes do mundo” — aposta agora em proporcionar aos consumidores uma “viagem sensorial” através do café proveniente de Amboim, em Angola, país “com um simbolismo muito forte para a Delta” e onde a marca está presente há 27 anos através da Angonabeiro.
Este café tem assim origem num país com “grande significado” para a marca, apontou Rui Miguel Nabeiro, uma vez que Angola é “mais do que um simples mercado”. O CEO recordou a ideia defendida pelo seu avô e fundador da Delta, que considerava que Angola era a razão de existência da marca uma vez que Rui Nabeiro “teve a visão e coragem” de, em 1974, fazer o “movimento contrário” e ir para o país africano garantir o fornecimento da matéria-prima do seu negócio num período crítico e que foi determinante para a marca.
Mas “seguramente não vamos ficar por aqui“, acrescentou Rui Miguel Nabeiro, abrindo a porta do projeto a possíveis novas geografias.
A nova edição exclusiva “O café coragem das mulheres de Angola” está disponível nas Delta Coffee House Experience e lojas online, não chegando ao retalho tradicional. Todos os Impossible Coffes têm em comum a característica de disporem de poucas quantidades de café disponíveis, o que torna “muito difícil” a sua entrada no retalho, explicou Rui Miguel Nabeiro.
“A nossa ambição é que o café dos Açores possa um dia lá chegar, assim que consigamos ter uma quantidade que seja interessante“, disse o CEO, explicando que o grupo está a apostar em “muita plantação”, a qual leva mais ou menos três ou quatro anos até dar café em maior quantidade e que permita a sua entrada no retalho tradicional.
Grupo Nabeiro aumentou 14% a faturação em 2024
Segundo avançou também Rui Miguel Nabeiro aos jornalistas, 2024 foi um “ano muito bom” para o grupo que preside, tendo a sua faturação aumentado 14% face ao ano anterior, para os 570 milhões de euros.
Embora reconhecendo que os “aumentos de tabela” tenham “inflacionado um pouco” este valor, o gestor entende que se tratou de um “crescimento robusto”, para o qual também contribuiu o “melhor ano de sempre” em Espanha para o grupo, assim como a aquisição da AMD Swiss.
“Foi um ano muito bom, a empresa vinha de quatro anos muito difíceis com resultados negativos ou perto do zero, portanto era muito importante termos um ano positivo“, apontou o CEO.
Rui Miguel Nabeiro não escondeu que o aumento do preço do café é “outra preocupação” para a empresa, referindo que o grupo fez no ano passado dois aumentos de preço.
“Não posso falar sobre o aumento do preço nos retalhistas. Esse é um preço que os retalhistas praticarão, não sei qual o preço a que o café irá chegar à bica. Mas é com alguma preocupação que vemos a situação internacional do preço do café. Podemos falar se é especulação ou não, já ouvi muitas teorias, mas o que é facto é que há pouco café para comprar no mercado, e isso tem impactado os preços do café“, disse.
Segundo indicou Rui Miguel Nabeiro, a Delta trabalha com seis a nove meses de stock, pelo que o grupo não sabe o que vai acontecer até lá. “Não há uma resposta óbvia, depende da evolução natural do preço do café“, afirmou.
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